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Stayability: manter a vaca por mais tempo no rebanho para aumentar a lucratividade!

Foto: Moraes Neto/ ASN RN

Foto: Moraes Neto/ ASN RN

A lucratividade da atividade pecuária está relacionada a diversos fatores como a relação entre a melhor (e mais econômica) alimentação e a maior produção, a negociação entre o produtor e o mercado na compra de insumos e na venda do produto final, o uso de confinamento, entre diversos outros fatores.

Além disso, novas biotecnologias reprodutivas, como a fertilização in vitro (FIV) e transferência de embriões (TE) fizeram com que os produtores e pesquisadores da área de melhoramento animal aumentassem seus interesses na seleção de fêmeas, atividade pouco explorada até hoje.

A seleção de vacas vem ganhando importância, pois, juntamente com a eleição de touros, promove uma aceleração da velocidade de apuração genética. Além disso, a discussão sobre a seleção de vacas com maior vida útil vem ganhando espaço cada vez maior entre pesquisas recentes. Estima-se que para que uma vaca “se pague”, ou seja, para que os custos de recria e manutenção sejam pagos pela produção da própria vaca, ela deve ter a capacidade de, aos 76 meses de idade, ter ao menos 3 partos. Dessa maneira, muitos pecuaristas têm dado atenção à capacidade da vaca se manter no rebanho, garantindo, dessa maneira, maior lucratividade.

No estudo da genética animal, a capacidade produtiva, considerando a permanência da vaca no rebanho, é conhecida como “stayability”. Esta característica indica a longevidade produtiva da vaca no plantel.

O estudo da stayability é complexo por duas razões básicas. A primeira é que os controles de características reprodutivas no Brasil, apesar de terem melhorado bastante, ainda são escassos na maioria das propriedades. Como segunda razão, destacamos que as características reprodutivas são do tipo binária: a vaca foi bem sucedida e permaneceu no rebanho até essa idade (e recebe um valor 1) ou então ela não teve a capacidade de permanecer no rebanho e seu insucesso recebe o valor zero. O fato de uma característica ser desse tipo torna mais complexas as análises do ponto de vista estatístico.

Onde conseguir animais selecionados para a Stayability?

A longevidade da vida produtiva da fêmea é uma característica complexa que engloba critérios reprodutivos, produtivos e econômicos. Também apresenta algumas limitações, pois é medida de maneira tardia (necessita de diversas gestações por vaca para que se tenha uma medida mais apurada), dificultando que o intervalo entre gerações seja alterado. Porém, diversos programas de seleção fazem uso de programas de computador que são mais eficientes na análise desta característica, garantindo maior confiabilidade nos resultados.

Com o advento de uma maior capacidade dos computadores, os programas de seleção começaram a incluir em seus modelos estatísticos dados produtivos das filhas de touros, fazendo posteriormente uma predição das Diferenças Esperadas das Progênies (DEPs) para o stayability especificamente. Dessa maneira, a escolha das melhores DEPs dos touros para características, inclusive as ligadas com a stayability, é a melhor opção para obter matrizes com maior capacidade de permanência no rebanho.

A interpretação da DEP ligada à stayability é semelhante a outras características de importância, ou seja, escolhem-se os touros com as melhores DEPs para que essas características sejam repassadas para as suas filhas. Assim, estas tendem a ter maior capacidade de permanecer no rebanho. Por exemplo: um touro com DEP para stayability com 60% tem 20% a mais de chances de produzir filhas que irão permanecer no rebanho quando comparado com um touro com DEP igual a 40%. Veja a exemplificação na imagem abaixo. 

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Quais os benefícios da seleção por meio da Stayability?

Na produção pecuária, um dos grandes problemas é a reposição de novos animais no rebanho. Ao selecionar os animais com maior capacidade de permanência no rebanho, estes custos podem ser diluídos, já que a vaca tende a se manter mais tempo em produção. Além disso, a seleção para essa característica resulta no aumento do número de fêmeas na faixa etária de maior produção de leite e no desmame de bezerros mais pesados.

Por fim, a seleção para stayability promove o descarte sustentável, com menor probabilidade de erro, possibilitando o aumento do planejamento direcionado do rebanho. Além do valor produtivo, a longevidade do rebanho tem um valor econômico significativo, pois, à medida que a vaca em produção vai se mantendo no rebanho, os custos de produção são melhor diluídos. Dessa maneira, a importância econômica da stayability é proporcional aos custos de aquisição de novilhas: quanto maiores forem os investimentos estratégicos com esta compra, maior será o benefício econômico da seleção para longevidade produtiva.

Referências Bibliográficas
  1. FORMIGONI, I. B. SILVA, J. A. II V. BRUMATTI, R. C. FERRAZ, J. B. S. ELER, J. P. Economic aspects of stayability as selection criterion in beef cattle industry in Brazil. In: WORLD CONGRESS ON GENETICS APPLIED TO LIVESTOCK PRODUCTION, 7, 2002, Montpellier – França. Montpellier: França, 2002; 
  1. Baldi, Fernando. Stayability: Qual é a sua importância para o rebanho e como aumentar a longevidade das matrizes? In: ANCP Ensino Online, 2015. Disponível em: http://www.ancp.org.br/producao-cientifica/33/ensino-online-stayability-qual-a-sua-importa-ncia-para-rebanho-e-como-aumentar-longevidade-das-matrizes#.VwwAEvkrLIU. Acesso em: 11 abr 2016.
  1. Sumário de Touros Nelore CFM 2015. Agro-Pecuária CFM. São José do Rio Preto: Agro-Pecuária-CFM, 2015. Disponível em: http://agrocfm.com.br/informacoes-tecnicas/sumarios/. Acesso em: 11 abr 2016.
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