A brucelose é uma doença infecciosa crônica que tem incidência em todo o território nacional. Tal enfermidade atinge principalmente a reprodução de vacas adultas e prenhas. Machos e animais jovens são também suscetíveis, mas em menor grau. Pode ser diagnosticada em qualquer rebanho, não considerando a forma de criação e a exploração econômica às quais esteja submetida.
Além de afetar bovinos, a brucelose é considerada uma zoonose, ou seja, afeta também o homem, sendo que, das principais zoonoses, esta é a que tem maior disseminação. O principal agente causador da Brucelose é a Brucella Abortus que acarreta prejuízos de ordem sanitária ao rebanho e, por consequência, grandes prejuízos econômicos à propriedade.
As perdas econômicas advindas da infecção por Brucella Abortus estão relacionadas à baixa eficiência reprodutiva dos animais, devido à falha da reprodução com consequente aumento do intervalo entre partos e diminuição da produção do rebanho. Dessa maneira, a ocorrência de abortos resulta na diminuição da produção de leite em vacas e, principalmente, por rebanho. Associada aos abortos, a alta frequência de natimortos e bezerros nascidos fracos, que geralmente morrem ou têm seu crescimento prejudicado, reduz o número de bezerros disponíveis para comercialização.
Mecanismos de transmissão e fatores de risco da brucelose
A principal via de transmissão da B. abortus é oral. Uma enorme quantidade de B. abortus é eliminada durante o aborto ou parto de vacas infectadas. A eliminação destas bactérias ainda ocorre por 30 dias por meio de secreções uterinas. Assim, a enorme quantidade de bactérias eliminadas durante o aborto ou parto dos animais infectados, associada à grande resistência de B. abortus no ambiente são outras fontes de infecção para os animais suscetíveis. Além disso, bezerros alimentados com leite contaminado podem ser hospedeiros de bactérias que são eliminadas nas fezes, o que irá contaminar o ambiente.
Outra via de contaminação, porém com baixo grau de importância, é o uso de sêmen de touros contaminados na inseminação artificial. Por ser depositado diretamente do útero de vacas, estes se tornam altamente infecciosos, pois não há barreiras inespecíficas (presentes na vagina). Em contrapartida, a transferência de embriões (desde que seguidas as recomendações internacionais) é a técnica mais segura para a não disseminação da brucelose.
O contágio por brucelose em rebanhos livres normalmente se dá pela aquisição de animais provindos de rebanhos infectados. O aumento da frequência de aquisição associado a não exigência de atestados negativos para brucelose destes animais adquiridos favorecem a introdução da doença.
Baixa vacinação, aliada a rebanhos densos e dificuldade de eliminação de animais infectados, além da introdução de animais sem o cuidado necessário são os maiores fatores de risco observados em propriedades infectadas.
Cuidados necessários para controlar a infestação da brucelose
Para que haja maior controle da brucelose, é necessário que o pecuarista, com o auxílio de vaqueiros, peões e técnicos, faça um minucioso diagnóstico identificando qual é a principal via de transmissão da doença dentro da sua propriedade. Feito isso, é necessário interromper a cadeia de transmissão da doença, utilizando a medida que melhor se adequa ao sistema e ao grau de infestação.
Dentre as medidas iniciais de controle da brucelose, a correta desinfecção de áreas e utensílios utilizados é a medida mais paliativa e deve ser realizada rotineiramente.
Como método preventivo, a vacinação é o meio mais eficiente para evitar surtos de brucelose na propriedade. Nesse sentido, recomenda-se vacinar as bezerras com idade entre o 3º e o 8º mês.
É importante também que o pecuarista faça um planejamento para investir em novas biotecnologias da reprodução, como a transferência de embriões, adquirindo genética comprovada e doses de sêmen devidamente avaliadas.
Como visto, a brucelose é uma das principais enfermidades que acometem os rebanhos brasileiros e o homem atuante no meio rural. Propriedades que não realizam o controle preventivo dessa enfermidade apresentam perdas produtivas significativas com a queda na produção leiteira. Portanto, é necessário que haja uma ampla conscientização de produtores, técnicos, vaqueiros e demais participantes do processo produtivo da propriedade que devem agir em sintonia, garantindo a certificação da propriedade como livre de brucelose.
Referências
1) Lage, A.P. et al. Brucelose bovina: uma atualização. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.32, n.3, p.202-212, jul./set. 2008.
2) Lobato. F.; Assis. R.A. Brucelose Bovina. Portal BeefPoint. Disponível em: http://www.beefpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/brucelose-bovina-28520/. Acesso em: 31 de Março 2016.
3) Pacheco, A. M. et al. A importância da brucelose bovina na saúde humana. Revista científica eletrônica de medicina veterinária. Ano VI. Número 11. Julho de 2008.