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Diarreia Viral Bovina: elimine essa doença de impacto produtivo e reprodutivo no seu rebanho!

Foto: Regina Groenendal/IBS

Foto: Regina Groenendal/IBS

A diarreia viral bovina, mais conhecida como BVD (Bovine Viral Diarrehea, em inglês), é uma doença de grande importância econômica e encontra-se distribuída em todo o mundo. Por ser um pestvírus, da família Flaviviridae, a BVD tem fácil disseminação no rebanho e provoca altas taxas de morbidade e mortalidade. Além disso, esse vírus é também responsável pela chamada “doença das mucosas” que pode levar à morte.

Assim como ocorre com outras doenças, como a brucelose, a BVD provoca alterações reprodutivas sérias, sendo essa uma das principais causas de perdas econômicas nas propriedades, isto ocorre, pois a prevalência desta enfermidade exerce impacto negativo sobre as taxas de concepção de fêmeas com diminuição da eficiência reprodutiva do rebanho em geral.

Os prejuízos reprodutivos acarretam perdas econômicas sérias, pois o vírus tem a capacidade de penetrar a placenta e, posteriormente infectar o feto, ocasionando mortalidade embrionária, abortos, infertilidade e baixas taxas de concepção. Além disso, há também perdas produtivas por meio da produção reduzida de leite, aumento do número de dias em aberto, diminuição da qualidade geral do leite e atrasos no crescimento normal dos animais, que também resultarão em perdas econômicas significativas.

Principais vias de transmissão

Como principais fontes de infecção, podemos citar os animais doentes e os chamados animais PI. Animais PI são os animais persistentemente infectados, ou seja, apresentam o vírus, mas não manifestam a doença. Eventualmente estes animais chegam à idade adulta sem manifestações clínicas da BVD, porém são incapazes de produzir anticorpos contra a BVD, eliminando, desta forma, grandes quantidades de vírus no ambiente. Estes animais PI são os principais responsáveis pela manutenção e disseminação da doença no rebanho.

Temos um amplo leque de vias de transmissão, sendo que tais vias envolvem a descarga nasal, saliva, sêmen, fezes, urina, secreções oculares, além do leite. A transmissão pode ocorrer tanto por contato direto entre animais como pelo contato indireto por meio de água, alimentos, agulhas contaminadas, etc.

Quais são os principais sintomas que auxiliam no diagnóstico da BVD?

Reconhecer os sintomas exclusivos desta doença é complicado, pois tais sintomas podem ser considerados comuns, o que podem ser confundidos e diagnosticados como sendo outra doença. Inicialmente, para esta enfermidade, observamos perda de apetite do animal e febre.

Podem ser observados também sintomas considerados mais agressivos, como a diminuição da performance sexual e, principalmente, reprodutiva do boi, trato digestivo afetado com a presença de ulcerações e diarreia (que dá nome à doença) do tipo hemorrágica, um dos sintoma mais recorrentes da doença.

Quais são os métodos de diagnóstico da BVD e como prevenir os animais desta doença?

Para diagnosticar a doença, é necessário considerar os sinais e sintomas clínicos e, havendo suspeita, a confirmação da doença deve ocorrer por meio de testes laboratoriais.

Para o diagnóstico, devemos ter atenção prioritária com os animais PI. Estes, por não apresentarem sinais clínicos da doença, não são detectados em provas de diagnóstico indiretas, como a virusneutralização (VN) e o ELISA indireto, passando despercebidos dentro de um rebanho, mas infectam o ambiente.

Desse modo, um dos métodos mais eficientes do controle da doença é a identificação feita por meio de métodos de diagnóstico diretos, como a RT-PCR (convencional e em tempo real), o ELISA antígeno e o isolamento viral.

Como exemplo de técnicas alternativas e eficientes, temos a RT-PCR que constitui-se numa interessante estratégia para o diagnóstico etiológico da infecção pelo BVD. O emprego dessa técnica possibilita aliar a redução no custo de execução com a precocidade na conclusão do diagnóstico. Com isso, medidas de controle e profilaxia, como a eliminação de animais PI e mesmo a vacinação do rebanho, podem ser conduzidas mais precocemente.

Foto: Solange Brum/Fepagro

Foto: Solange Brum/Fepagro

Como, muitas vezes ocorre uma demora no diagnóstico correto dessa doença, os animais PI ficam mais tempo em contato com os considerados sadios, disseminando o vírus no rebanho por mais tempo, isso gera gastos complementares, comprovando, mais uma vez a importância econômica da BVD.

O diagnóstico de BVD e das doenças associadas pode parecer muito complexo no início. Porém, prestar atenção no desenvolvimento da doença e planejar a melhor estratégia para o diagnóstico irá ajudar a maximizar a informação obtida e minimizar os custos, que é o mais importante.

Assim como ocorre com diversas doenças em bovinos, a melhor forma de prevenção contra a diarreia viral bovina é a vacinação, que além de proteger os animais adultos, preserva também o nascimento de animais sem a infecção. Desse modo, é bastante recomendável que a vacinação contra BVD esteja presente no calendário de vacinação das propriedades. Há no mercado veterinário, ótimas vacinas que, além de proteger o rebanho contra a BVD, apresentam cepas que imunizam os animais também contra Lepstopirose, IBR (Rinotraqueite Infecciosa Bovina), Campilobacteriose.

Uma estratégia eficiente é a vacinação contra a BVD e doenças como a Rinotraqueíte Infecciosa e Leptospirose no início do protocolo de IATF. Estudos indicam que a vacinação estratégica contra estas doenças auxilia no aumento da taxa de prenhez quando se usa a IATF. Estes estudos demostraram que o pecuarista não deve ter receio em inserir a prática de vacinação contra enfermidades reprodutivas junto com protocolos de IATF, pois usando a vacinação recomendada de forma estratégica será observada uma reprodução com melhor saúde, emprenhando mais vacas, na época certa, mantendo as gestações e, o mais importante, minimizando as perdas econômicas. Além disso, observa-se que os ganhos reprodutivos com a vacinação são maiores que o custo da própria vacinação, garantindo maior reprodutividade, produtividade e consequentemente, lucratividade!

Referências
  1. Oliveira, A. L. R. Análise da eficiência e do custo-benefício da RT-PCR em tempo real no diagnóstico da diarreia viral bovina. Dissertação. Instituto Biológico. São Paulo. 2013.
  2. Diarreia Viral Bovina – BVD. Portal AgroLink. Disponível em: http://www.agrolink.com.br/vacinas/artigo/diarreia-viral-bovina–bvd_71507.html. Acesso em: 5 de abril 2016.
  3. Silva, M. V. M. et al. Diarreia viral bovina: patogenia e diagnósticos – revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. Ano IX. Número 16. Janeiro 2011.
  4. Diarreia Viral Bovina. Portal Realh. Disponível em: http://www.realh.com.br/lojavirtual/glossario/diarreia-viral-bovina/. Acesso em: 4 de abril 2016.
  5. Estudo aponta que vacinação contra Diarreia Viral Bovina, Rinotraqueíte Infecciosa e Leptospirose aumenta a taxa de prenhez em protocolos de IATF. Rural News. Disponível em: http://www.ruralnews.com.br/visualiza.php?id=2032. Acesso em: 18 de maio de 2016.
  6. Pilz, D., Alfieri, A.F., Lunardi, M., & Alfieri, A.A.. (2007). RT-PCR em pools de soros sangüíneos para o diagnóstico da infecção aguda e de animais persistentemente infectados pelo vírus da diarréia viral bovina.Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia59(1), 1-7
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