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Vacas de Aluguel: por que tratá-las como animais especiais no rebanho?

Nos últimos anos, observamos uma constante evolução da produtividade da pecuária brasileira, elevando a importância do Brasil no contexto mundial da produção de alimentos. Tal evolução está associada às evoluções tecnológicas e científicas provindas do uso de várias biotecnologias reprodutivas com foco na elevação da eficiência dos animais, aumentando o número de descendentes com melhor carga genética, em um curto período de tempo.

Entre as principais biotecnologias, a inseminação artificial (IA) foi a primeira utilizada para agilizar a multiplicação de animais de alto valor genético. Nos dias atuais,a técnica de fertilização in vitro associada à transferência de embriões (FIV+TE) está cada vez mais difundida e em franco crescimento, garantindo maior número de gestações e maior disseminação de material genético superior de vacas e touros selecionados.

Procedimento de transferência de embriões em vaca receptora

Procedimento de transferência de embriões em vaca receptora. Foto: arquivo/IBS

De forma reduzida, a FIV+TE consiste na coleta dos oócitos da vaca doadora, os quais são fertilizados em laboratório com sêmen de touros selecionados (de alta genética), dando origem a diversos embriões que serão transferidos às vacas de baixo valor comercial. Essas vacas que recebem os embriões são chamadas de “Vacas de Aluguel” ou vacas receptoras, tendo como função a gestação de um novo indivíduo.

Para que receba o embrião, mantenha a gestação, produza e desmame animais superiores, a receptora deve estar apta. Assim, manejos nutricionais e sanitários, além de cuidados com o bem-estar são essenciais para que estas vacas recebam o embrião. Também é essencial que as receptoras apresentem boa habilidade materna, sejam férteis e possuam rusticidade.

Deve ficar claro que estas não tem participação no ganho genético da prole, pois não há informação genética da receptora na produção de descendentes (a genética é resultante da doadora aspirada e do touro utilizado). No entanto, se não ocorrer cuidados especiais com as vacas de aluguel, a chance de insucesso na difusão de material genético superior é grande.

O principal entrave no processo da transferência de embriões está relacionado ao custo da técnica, essencialmente das receptoras. Obter e manter uma grande quantidade de animais aptos é um grande obstáculo. Para que as vacas de aluguel estejam aptas para receber o embrião, devem receber boa nutrição, além do correto manejo sanitário, o que pode gerar custos elevados para o pecuarista.

Corretas observações do cio assim como o diagnóstico precoce de gestação podem auxiliar numa melhor utilização racional das receptoras. Assim, os animais não gestantes ficarão mais rapidamente disponíveis para receberem um novo embrião, reduzindo o tempo de permanência no programa, o que diminui os custos.

Mercado de receptoras

Com a disseminação da TE, vemos um substancial aumento na necessidade de receptoras aptas para receber o embrião. Assim, o mercado de receptoras geralmente é aquecido, principalmente, na época da estação de monta. Para adquirir receptoras de qualidade, sugere-se a participação em leilões ou em exposições pecuárias, sendo esta uma das melhores alternativas.

O custo para manter receptoras no rebanho é alto e, nesse sentido, um novo mercado vem se consolidando cada vez mais dentro da pecuária. Nesse novo mercado, o pecuarista que faz uso da TE pode optar por fazer parceria com propriedades especializadas na recria e preparação de fêmeas, conhecidas como centrais de receptoras. Assim, o criador fornece o material genético (embriões) e as centrais disponibilizam as receptoras. Essa conduta tem como objetivo a diminuir custos e facilitar o planejamento para o criador.

Foto: Moraes Neto/ASN RN

Foto: Moraes Neto/ASN RN

Nesta parceria, as vacas recebem tratamento diferenciado com boa alimentação, cuidados sanitários e ambiente propício para que possam ser sincronizadas ficando prontas para receber o embrião. Após o recebimento do embrião, as vacas são diagnosticadas em gestação aos 30 dias. Confirmada a gestação, elas ficam na central até os 70 dias após o inicio da gestação, e são encaminhadas para a propriedade dona do embrião.

Observamos, dessa maneira, que técnicas reprodutivas são utilizadas para acrescentar material genético de uma forma mais rápida e difundida. Neste contexto, vacas receptoras apresentam grande importância e devem ser tratadas eficientemente para que consigam emprenhar e gerar os bezerros com genética aprimorada. Além disso, há também a possibilidade de atuar no mercado de receptoras com grande eficiência.

Referências Bibliográficas 
  1. HONORATO, M.T. et al. Importância da escolha de receptoras em um programa de transferência de embriões em bovinos. Pubvet, Londrina, V. 7, N. 19, Ed. 242, Art. 1601, Outubro, 2013.
  1. R. H. Dez questões sobre transferência de embriões em bovinos: o papel das receptoras. Disponível em: http://www.aptaregional.sp.gov.br/acesse-os-artigos-pesquisa-e-tecnologia/edicao-2009/2009-julho-dezembro/705-dez-questoes-sobre-transferencia-de-embrioes-em-bovinos-o-papel-das-receptoras.html. Acesso em: 06 de abril 2016.
  1. Criação de receptoras bovinas gera bons resultados aos pecuaristas. Portal Revista Veterinária. Disponível em: http://www.revistaveterinaria.com.br/2012/02/29/criacao-de-receptoras-bovinas-gera-bons-resultados-aos-pecuaristas/. Acesso em: 07 de abril 2016.
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