Blog

Use as qualidades do Guzerá em cruzamentos e tenha sucesso produtivo!

Foto: Divulgação/Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil

Foto: Divulgação/Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil

Devido à grande extensão territorial, o Brasil apresenta diversas condições climáticas em um mesmo período. Temperaturas altas em algumas regiões, clima seco com baixas temperaturas em outra, além de chuvas regulares localizadas e escassas em outras. Tal discrepância acentua os desafios na criação de animais de produção, inclusive para a região Nordeste.

Como características gerais, o Nordeste apresenta clima semiárido, chuvas não regulares e altas temperaturas. Desse modo, para o sucesso na produção animal desta região, os animais precisam ser mais adaptados para o ambiente.

Neste contexto, o Guzerá apresenta grandes vantagens produtivas para a região Nordeste, devido à sua ampla capacidade de adaptação em ambientes menos favoráveis, além da sua rusticidade, o que garante maior resistência às intempéries ambientais, resultando em provável redução de custos em relação aos medicamentos veterinários para o combate a ectoparasitas, por exemplo. Além disso, dentre as raças zebuínas, o Guzerá apresenta ótima conversão alimentar, indicando maior produtividade e lucratividade.

A seguinte frase de Célio Pires Garcia (diretor da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Ceará) exemplifica todo o potencial produtivo do Guzerá em ambientes não favoráveis: “Enquanto, das 10 às 16 horas, sob intenso calor, vacas europeias estão na sombra e ofegantes, bovinos Guzerá estão pastando, sem indicação de qualquer estresse” (Jornal Estadão – 30/06/2010- adaptado). Isso demonstra que, mesmo influenciado por forte calor, bovinos da raça Guzerá ainda tem capacidade de produzir com eficiência.

Graças a essas características adaptativas, o Guzerá vem sendo amplamente utilizado em cruzamentos para obtenção de animais resistentes e com produção satisfatória. Diversas fazendas que usam o Guzerá comprovam a eficiência desta raça no cruzamento com as mais diversas raças. Devido à sua pureza racial e, consequentemente sua ótima heterose, o Guzerá é também bastante versátil em cruzamentos.

Os Bezerros – resultantes do cruzamento entre machos Guzerá com fêmeas de boa habilidade materna e alta produção leiteira – são fortes, saudáveis e com ótima velocidade de ganho de peso. Porém, é necessário citar que, tais resultados são obtidos em boas condições de manejo e alimentação.

Usar Guzerá no cruzamento com raças de clima mais ameno resulta em menores custos com saúde dos produtos cruzados. Visto que, o uso de medicamentos contra a infestação de parasitas é diminuído, devido, principalmente, à rusticidade oferecida pelo Guzerá. Como visto na tabela abaixo, quanto maior for o grau de sangue da raça Guzerá, maior é a resistência presente no produto final.

Número médio de carrapatos em relação ao grau de sangue
Grau de sangue Média de carrapatos
Holandês vermelho e Branco (HVB) – PC 483
7/8 HVB x 1/8 Guzerá 281,09
3/4 HVB x 1/4 Guzerá 239,16
5/8 HVB x 3/8 Guzerá 176,39
1/2 HVB x 1/2 Guzerá 72,34
1/4 HVB x 3/4 Guzerá 48,28
Guzerá em cruzamentos

A raça Guzerá pode ser utilizada em diversos cruzamentos, todos objetivam inserir rusticidade ao produto cruzado, melhorando a resistência destes em ambientes menos favoráveis. O cruzamento entre Touro Guzerá com vacas Holandesas ou Pardo-Suíças geram mestiças leiteiras com ótima produção, além de machos com boa capacidade de ganho de peso e acabamento.

Outra importante característica das vacas Guzerá está relacionada aos ligamentos mamários mais fortes. Dessa forma, o uso de reprodutores também pode ser uma boa opção para corrigir úberes pendulosos e tetos grandes, presentes em vacas comuns, resultando em correção com qualidade das novilhas filhas do cruzamento.

O touro Guzerá leiteiro também pode ser utilizado como uma alternativa zebuína aos cruzamentos no qual o Gir já fui utilizado. O que se faz, normalmente, é utilizar o touro Holandês sobre vacas Gir, gerando animais Girolando (produto F1). Para que haja maior adaptação ambiental, essa novilha F1 poderá ser cruzada com um touro guzerá leiteiro (zebuíno) formando o grau de sangue ideal para regiões quentes.

Outro cruzamento bastante utilizado é o chamado de Guzolando: une as qualidades produtivas do touro Holandês (como a boa aptidão leiteira), com a rusticidade e a adaptabilidade aos trópicos de fêmeas Guzerá. As fêmeas resultantes têm ótima aptidão leiteira e ostentam úbere bem inserido e desenvolvido. Já os machos são musculosos, com altos índices de ganho de peso. O Guzolando tem excelente desempenho e grande aceitação em todo o Brasil, sendo adaptável ao clima, além de ótima opção para confinamento, devido ao seu rápido ganho de peso.

Conclui-se, portanto, que o Guzerá, além de ser uma ótima raça para os trópicos, é também uma raça que pode gerar lucratividade ao sistema produtivo quando utilizada em cruzamentos, oferecendo suas qualidades à progênie de mestiças que terão maior sucesso na eficiência produtiva.

 

Referências Bibliográficas

1. LEMOS, A de M. TEODORO, R.L. Utilização de raças, cruzamentos e seleção em bovinos leiteiros. Coronel Pacheco: Embrapa – CNPGL, 1993. 23 p. (Embrapa –CNPGL. Documentos, 52).

2. Guzerá, raça para cruzamentos industriais e de dupla aptidão. Portal Clube de amigos de campo Gerdau. Disponível em: http://www.clubeamigosdocampo.com.br/artigo/guzera-raca-para-cruzamentos-industriais-e-de-dupla-aptidao-1347>. Acesso em: 19, abr 2016.

3. Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil (ACGB). Disponível em: <http://www.guzera.org.br/>. Acesso em: 19 abr. 2016.

 

Voltar ao topo