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Importância da palma forrageira no sucesso da pecuária leiteira no Nordeste

Foto: arquivo IBS

Foto: arquivo IBS

A bovinocultura leiteira é bem difundida na região Nordeste, principalmente no semiárido brasileiro. Porém, o semiárido constantemente enfrenta secas prolongadas com consequente escassez de forragens na maior parte do ano, comprometendo, desse modo, o desempenho dos animais e até mesmo a subsistência das pequenas propriedades.

Essa sazonalidade é uma constante para a região, ocasionando diminuição da oferta de alimentos para os animais com redução na produção leiteira. Isso afeta diretamente os produtores que terão menor receita, além da elevação dos custos de produção, seja pela necessidade de oferecer volumoso suplementar ao gado, ou pelo maior uso de concentrados.

Alimentação alternativa objetivando redução dos custos

Estima-se que a alimentação represente de 40 a 60% das despesas do sistema produtivo. No Nordeste, devido à escassez de recursos hídricos por longos períodos, a palma forrageira é uma excelente alternativa para composição da dieta dos animais, pois, além da grande disponibilidade na região, seu custo é acessível. A palma vem rendendo ótimos resultados, do ponto de vista nutricional, produtivo e econômico para pecuária leiteira na região Nordeste.

Palma forrageira na alimentação do gado nordestino

Amplamente difundida no Nordeste brasileiro, a palma forrageira é uma planta que por ser de origem mexicana é altamente resistente às intempéries climáticas. Hoje, a palma está presente em praticamente todas as propriedades que compõem a chamada bacia leiteira do Nordeste. Há um ditado entre os pecuaristas da região que diz o seguinte: “a quantidade de leite produzido no nordeste depende da quantidade de palma disponível para as vacas”.

Quais são as principais qualidades da Palma Forrageira?

Além da sua resistência e adaptabilidade, a palma é rica em carboidratos e sais minerais solúveis, sendo altamente energética. Em sua composição há uma alta quantidade de água, essencial para o ambiente de secas. A produção de biomassa e a disponibilidade de nutrientes também são bastante significativas. Outra vantagem importante da palma é sua boa quantidade de pectina, substância responsável por facilitar a lactação.

A palma forrageira tem por característica ser altamente palatável sendo digerida pelo gado com prazer. Comparada com outros volumosos a palma forrageira é extremamente eficiente, apresentando valores próximos ou até superiores que o milho, por exemplo, com a vantagem de que apresenta uma maior produtividade por hectare com custo de produção bastante inferior. Tudo isso resulta em menor preço da alimentação das vacas.

Veja na tabela abaixo:

Matéria Seca Produção Produção Custos (Ton MS)
(%) (Ton MN/ha) (Ton MS/ha) (aproximados)
Silagem 32 45 14,4 235
Cana de Açúcar 33 100 33 106
Palma Forrageira 13 200 26 65

FONTE: Adaptado de ÁGUIDO, R., 2013.

Como proceder diante do baixo teor de proteína e fibras da palma forrageira?

Realmente, a palma forrageira apresenta baixos teores de proteína (aproximadamente 4,8%) e de fibras (FDN de 26%). Desse modo, é importante que ela não seja a única fonte de alimentação das vacas lactantes e, em caso de substituição de outro volumoso pela palma, a substituição não deve ser total. O fornecimento de palma unicamente acarretará em diarreias nos animais, com baixa absorção de nutrientes e consequentes reduções do peso e da produção leiteira.

Devido ao baixo teor de proteína, animais alimentados com palma necessitam de complementação proteica provinda de alimentos como soja, ureia, cevada, dentre outras opções.

Qual é a melhor forma de utilizar a palma forrageira?

A melhor forma de inserção da palma forrageira na dieta dos animais é fazendo uso da mistura completa, ou seja, associa-se a palma com algum alimento que seja rico em fibras, como o feno, a silagem e até mesmo o bagaço de cana-de-acúcar. Associado à palma e a algum desses alimentos mais ricos em fibras, é importante que seja usado também algum alimento concentrado, como a cevada, soja e milho.

No entanto, há um erro bastante comum na formulação das dietas, no qual erroneamente são utilizadas formulações comerciais com teores de proteína variando de 18 a 24%, que atendem à demanda de proteína quando é fornecido o pasto ou silagens de milho e sorgo. Mas não são suficientes para atingir os requerimentos da vaca quando se utiliza a palma forrageira. Os teores de proteína no concentrado quando a palma é utilizada devem variar de 28 a 37%. Ao formular incorretamente a ração, não será possível explorar todo o potencial de palma, e isso pode criar uma falsa ilusão de que a palma é inapropriada para a produção de leite.

Nos últimos anos, o Nordeste vem sendo a região com maior taxa de crescimento da produção leiteira no Brasil, e sem sombra de dúvidas a palma forrageira é fundamental para esse avanço. Portanto, se você produz leite na região semiárida, invista na palma forrageira e contribua de maneira positiva com a produção de leite da sua região de maneira eficiente.

Referências

1. NEVES, A. L. A. et al. Plantio e uso da palma forrageira na alimentação de bovinos leiteiros no semiárido brasileiro. Juiz de Fora – MG: Embrapa Gado de Leite, 2011 (Comunicado Técnico).

2. ÁGUIDO, R. Palma forrageira na alimentação de vacas leiteiras – uma excelente opção para o semi-árido. Portal Rehagro. Disponível em: http://rehagro.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=2491. Acesso em: 21 de junho de 2016.

3. Utilização da palma forrageira na alimentação dos bovinos – Parte 1. Vallée S.A. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=B6MUFZK4Wt0 Acesso em: 21 de junho de 2016.

4. S. Palma Forrageira no Nordeste do Brasil: Estado da Arte. Sobral, CE: Embrapa Caprinos e Ovinos, 2012 (Série Documentos Embrapa número 106).

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