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Região Nordeste: nova fronteira do leite no Brasil

Foto: Moraes Neto/Sebrae RN

Foto: Moraes Neto/Sebrae RN

Em 2014, os últimos dados do IBGE indicaram que o volume de leite produzido no Brasil cresceu 2,4% comparado ao ano anterior. Estima-se que neste ano a produção leiteira tenha alcançado 35,2 bilhões de litros produzidos. As regiões que mais contribuíram com este volume são a Sul e a Sudeste que, juntas representaram 69,3% da produção nacional. Apesar das maiores produções serem provenientes do Sul e Sudeste, os maiores crescimentos da produção foram registrados nas regiões Norte (5,4%) e Nordeste (8,1%). Os mesmos resultados indicaram que o Nordeste ainda tem uma baixa participação na produção nacional (com 11,1%). Em contrapartida, devido a diversas características, a região vem sendo considerada por muitos especialistas como a nova fronteira do leite.

O Nordeste vem sendo considerado a nova fronteira láctea do Brasil devido à oportunidade de mercado que vem se apresentando nos últimos anos aos produtores desta região. Dentre diversas oportunidades, a que mais se destaca relaciona-se ao aumento do consumo do leite e seus derivados no próprio Nordeste, já que nos últimos anos o poder de compra na região aumentou de maneira considerável. Também, pode ser visualizada uma ótima oportunidade de negócio com os Estados e países vizinhos.

Para entender o avanço da pecuária de leite no Nordeste, devemos entender um pouco sobre a divisão da região do ponto de vista climático. Basicamente, são quatro subregiões: zona da mata, agreste, meio norte e sertão. Cada uma delas apresenta características físicas distintas que irão facilitar ou dificultar a atividade leiteira.

A zona da mata é uma subregião que fica na costa da região Nordeste do Brasil que se estende do Estado do Rio Grande do Norte até o Sul da Bahia, formada por uma estreita faixa de terra para os padrões continentais do Brasil. Esta é a região que apresenta maiores condições para o desenvolvimento da pecuária de leite, pois apresenta chuvas regulares, propiciando a produção a pasto.

A região Agreste, por sua vez, é considerada um importante polo para produção de alimentos para a suplementação, o que inclui a palma forrageira, milho e sorgo para silagem, além do feno e capim para corte. Porém, devido às chuvas não regulares, há escassez em algumas épocas do ano. Desse modo, é interessante que o pecuarista considere a realização de investimentos na irrigação da sua propriedade. Programas de incentivo à irrigação do governo federal estão em crescimento no agreste nordestino e visam aumentar o número de hectares irrigados em toda a região. Esses projetos objetivam também a inserção do pequeno e médio produtor na cadeia produtiva do leite, permitindo maior acesso ao mercado, e assistência técnica.

O sertão nordestino é a região que apresenta maiores adversidades para a produção leiteira. Algumas cidades ficam meses sem chuva, a temperatura também é bastante elevada e a baixa oferta de alimentos é um limitante, mas isso não significa que a produção de leite é inviável. O pecuarista que quiser produzir leite nessas situações deve buscar tecnologias e manejos adaptáveis às condições locais, sempre considerando o ganho em produtividade e melhor relação custbenefício.

Desse modo, a construção de um estábulo adequado, que gere conforto térmico às vacas, a alimentação alternativa dos animais levando em conta a capacidade produtiva local e o uso de animais geneticamente melhorados e mais resistentes é essencial, não só para viabilizar a produção no sertão, mas em todo o Nordeste.

Como alimentação alternativa visando o crescimento da atividade leiteira, temos a ótima opção da palma forrageira. Essa planta se adaptou bem ao clima semiárido brasileiro, sendo considerada a maior responsável pela sobrevivência produtiva do Nordeste. Em situações de manejo intensivo, pode produzir energia e matéria seca maior que culturas tradicionais, como cana de açúcar e silagem de milho. Outra excelente opção é o uso de resíduos da agroindústria de frutas, que geralmente apresentam boa qualidade nutricional e são relativamente mais baratas.

A alimentação é um dos fatores essenciais para o sucesso produtivo no Nordeste. Foto Moraes Neto/Sebrae RN

A alimentação é um dos fatores essenciais para o sucesso produtivo no Nordeste. Foto Moraes Neto/Sebrae RN

O uso de genética também é considerado uma das vantagens que contribuem positivamente com a maior participação do Nordeste no mercado nacional. Animais geneticamente superiores agregarão maior resistência às intempéries regionais com maior produção leiteira. Dentre esses animais, os chamados híbridos são comprovadamente superiores às raças especializadas, especialmente do híbrido F1 (½ Holandês/Zebu) que apresenta características lucrativas como rusticidade, resistência e alta produção, além de maior número de crias, melhor precocidade, maior vida útil, características essas que resultam em maior produtividade. Portanto, se o pecuarista quiser ser ativo nessa nova era da pecuária leiteira do Nordeste ele deve, primeiramente, fazer a correta seleção e escolha de seus animais.

Os dados indicam que o Nordeste vem se comportando como a nova fronteira do leite e esse crescimento é inevitável. Porém, para que isso se confirme é imprescindível que haja informação, profissionalismo e cooperativismo entre os produtores e a adoção de um conjunto de ações relacionadas a adaptações do manejo, principalmente o nutricional, à seleção genética e, primariamente, o desejo do produtor em produzir leite que quebrará barreiras.

Referências
  1. Sul torna-se a maior região produtora de leite; região Nordeste lidera crescimento na produção. Portal MilkPoint. Disponível em: http://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/giro-lacteo/sul-tornase-a-maior-regiao-produtora-de-leite-regiao-nordeste-lidera-crescimento-na-producao-97403n.aspx. Acesso em 09 junho. 2016.
  1. Nordeste recebe investimentos para irrigação. Portal Brasil. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2013/07/nordeste-recebe-investimentos-para-irrigacao. Acesso em: 10 junho 2016.
  1. Bovinocultura leiteira na região nordeste: vantagens, potencial e dificuldades. AGÊNCIA PRODETEC, dez. 2011. Disponível em: http://www.agenciaprodetec.com.br/estudos-e-pesquisas/216-bovinocultura-leiteira-na-regiao-nordeste-vantagens-potencial-e-dificuldades.html. Acesso em: 10 junho 2016.
  1. VALLÉE SA. A pecuária de leite no Nordeste – Parte 1. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sE3P9RzkPwk > Acesso em: 10 junho 2016.

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