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Pagamento por Serviços Ambientais impulsiona a produção sustentável na Mata Atlântica

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No sítio São José, em Itariri/SP, o casal de produtores Julio Sabino, 82, e Dilma Sabino, 70, produzem banana desde 1973. Depois de mais de 40 anos de cultivo tradicional, eles começaram a implantar o sistema agroflorestal (SAF) na propriedade a partir de 2019, quando passaram a ser atendidos pelo Instituto BioSistêmico (IBS) no Projeto Conexão Mata Atlântica.

Julio Sabino foi um dos produtores contemplados com o aditivo do PSA (Pagamento por Serviços Ambientais), uma importante ferramenta do projeto que incentiva a preservação ambiental nas propriedades rurais. O PSA recompensa produtores que realizam serviços ambientais, mantendo ou conservando um serviço ecossistêmico essencial.

Estavam previstos três pagamentos de PSA, linha de base, ano 1 e ano 2. Com a extensão do projeto até 2023, abriu-se a possibilidade de realizar mais um pagamento, o que é de grande importância para os produtores atendidos, conforme explica Thais Lima, coordenadora das atividades do IBS no Conexão Mata Atlântica.

“O aditivo do PSA possibilitou a continuidade das ações sustentáveis nas propriedades envolvidas, até que se tenha um nível maior de estabilidade dos ecossistemas e de aprendizado por parte dos beneficiários. A implantação de sistemas agroflorestais, por exemplo, demanda conhecimento técnico para execução e nós trabalhamos essa capacitação dos produtores durante os cinco anos de projeto”, relata Thais Lima, coordenadora das atividades do IBS no Conexão Mata Atlântica.

Ampliação da área de SAF

Para Julio e Dilma, o incentivo financeiro foi de fundamental importância para a compra de insumos e novas mudas para ampliação da área de SAF. Com o auxílio da assistência técnica do IBS e recursos do PSA, o casal implantou o sistema agroflorestal em 4,53 hectares dos 10 hectares de bananal que antes era totalmente convencional.

“Passamos a introduzir outras variedades no meio do bananal, como laranja, limão, jaca, coco, abacate, palmito pupunha e cambuci. Com o projeto, tudo melhorou, pois aprendemos a realizar a poda de forma correta, a fazer as próprias mudas, além dos adubos orgânicos e da compostagem”, conta Julio Sabino.

De acordo com os consultores do IBS no Conexão Mata Atlântica, o casal de produtores é um exemplo de disposição em aprender novas técnicas para melhorar a produção com sustentabilidade.

“Com a assistência técnica eles se interessaram pelo sistema agroflorestal e daí em diante começaram a produzir as mudas de frutíferas para introduzir no bananal. Eles substituíram o uso de agrotóxicos por compostos orgânicos que aprenderam a fazer e que são usados como fonte de nutrição, além de caldas biofertilizantes”, explica o consultor do IBS João Antônio Aranha Junior.

Calda de mamona e água de fumo são algumas das alternativas produzidas e aplicadas por eles nos cultivos, o que contribui para reduzir os custos de produção da propriedade.

“Somos muito gratos por tudo que aprendemos com os técnicos do IBS”, ressalta a dona Dilma. Ela afirma que os ensinamentos também contribuíram para melhorar a qualidade de vida da família. “Aprendemos a construir as fossas sépticas, destinar o lixo corretamente para o pessoal da reciclagem vir buscar depois”, complementa.

O casal ainda não começou a colher os frutos das novas variedades de frutíferas implantadas no sítio São José, mas estão com grande expectativa nesta diversificação da produção. Eles estão felizes porque irão agregar valor na comercialização dos produtos cultivados no sistema agroecológico, além de estarem contribuindo para a preservação da Mata Altântica.

“Com o incentivo de PSA, promovemos diretamente o incremento da biodiversidade nas propriedades, melhoria na diversificação de fonte de renda das famílias, e consequentemente a proteção da Mata Atlântica, captação de carbono atmosférico, resultados que estão entre os objetivos do projeto”, destaca Priscila Callegari, diretora de agricultura e meio ambiente do IBS.

Sobre o projeto

Projeto de recuperação e proteção dos serviços do clima e da biodiversidade do corredor sudeste da Mata Atlântica brasileira, o Conexão Mata Atlântica foi executado pela Fundação Florestal e pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL), no Estado de São Paulo. A Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) esteve à frente da gestão dos recursos e o financiamento foi do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) com recursos do Global Environmental Fund (GEF).

De 2018 a 2023, o Instituto BioSistêmico executou a assistência técnica e extensão rural do projeto, na região do entorno do Parque Estadual Serra do Mar – NITA. Nesta região, foram atendidos cerca de 360 produtores nos municípios de Itariri, Miracatu, Pedro de Toledo e Peruíbe, abrangendo uma área de 69.968 hectares.

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