Negócio Rural

O cultivo de abacaxi foi a saída encontrada para lote repleto de tocos de eucalipto e pinus

José Cícero e a esposa, Maria Julia, na plantação de abacaxi da família.

José Cícero e a esposa, Maria Julia, na plantação de abacaxi da família.

Quem chega ao lote de 12,7 ha da família do agricultor familiar José Cícero Ferreira, no Assentamento Brasília Paulista, localizado entre os municípios de Cabrália-SP e Piratininga-SP, encontra uma plantação de mais de 100 mil pés de abacaxi. Um cenário que chega a dar “água na boca”, só de imaginar o sabor adocicado do abacaxi pérola, variedade escolhida para ser cultivada na área.

Mas nem sempre foi assim, pois quando a família foi selecionada para um lote, em 2010, o que se via eram tocos de eucalipto e pinus para todos os lados, assim como nos demais lotes da região. Uma realidade que dificulta o desenvolvimento da agricultura, com limitação das variedades de cultivo. A mudança no cenário de dificuldades começou a surgir com o apoio das equipes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) do Instituto BioSistêmico (IBS), presente no assentamento a partir do ano de 2012, por meio de contrato com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no Estado de São Paulo (INCRA/SR08).

José Cícero e o filho, Edenilton, verificam plantação de goiaba.

José Cícero e o filho, Edenilton, verificam plantação de goiaba.

As equipes do IBS se empenharam em encontrar soluções para os terrenos da região e passaram a realizar capacitações e dias de campo voltados a culturas que são viáveis para a realidade em questão. Abacaxi, goiaba, maracujá e hortaliças foram algumas das culturas disseminadas. Além do custo de produção não ser elevado e a possibilidade de cultivo em meio aos tocos sem a necessidade de destocar a área, essas culturas se adaptam a solos de composição arenosa.

“Em 2014, começamos a plantação de abacaxi com dois mil pés. A equipe do IBS nos deu o suporte necessário para adquirir as mudas com preços mais acessíveis, além de toda orientação técnica para o desenvolvimento da cultura. Ano a ano, fomos crescendo, fizemos mudas dos pés já plantados e adquirimos novas mudas até chegar a mais de 100 mil pés. Finalmente, conseguimos o sustento da família com o que tiramos da terra. Viver do que produzimos era um sonho antigo e com muito trabalho e perseverança se tornou realidade”, destaca José Cícero.

Foto de 2014 mostra o início do cultivo de mandioca e a primeira tentativa de produção de maracujá.

Foto de 2014 mostra o início do cultivo de mandioca e a primeira tentativa de produção de maracujá.

Quando iniciou a plantação de abacaxi, em 2014, José também plantou mudas de goiaba que hoje ocupam 1 ha num total de 200 pés. “Colhemos a primeira safra no ano passado, e a atual safra deverá ser muito boa, vamos passar o mês de dezembro e janeiro colhendo goiaba. A ideia é diversificar o cultivo para não ficar dependendo de apenas uma fonte de renda. Há alguns anos, começamos a produzir mandioca, também plantamos maracujá num período, mas não deu certo prosseguir, pois não tínhamos como investir nas estruturas de madeira tratada para dar suporte aos pés de maracujá. Hoje, já planejamos voltar a cultivar o maracujá, pois teremos condições de investir na estrutura necessária em breve”, adianta o agricultor.

Segundo José Cícero, a esposa Maria Julia Ferreira e os três filhos, Edenilton, Lucas e Matheus, são sua maior inspiração. “Eles são a razão de tudo e se conseguimos seguir a orientação da assistência técnica e transformar a realidade do lote onde vivemos foi graças ao nosso trabalho em família, pois todos ajudam aqui”, relata. Os filhos Edenilton e Lucas se formaram técnicos agrícolas e, recentemente, passaram a integrar a equipe de ATER do IBS na região. Para os dois jovens técnicos agrícolas é motivo de muito orgulho integrar uma equipe que vem desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento das famílias de assentados dessa região.

Compor a equipe de ATER com profissionais que vivem na região trabalhada e que conhecem a realidade local é o objetivo do IBS. “Dessa forma, estamos mais entrosados com a realidade de cada assentamento, o que aumenta nossas possibilidades de trabalhar alternativas que realmente sejam viáveis para as famílias, buscando juntos proposições adequadas, pensadas em conjunto com os assentados, para promover o desenvolvimento social e econômico nas regiões em que atuamos”, explica o diretor da unidade IBSater, Claudio Pinheiro.

Atuação do IBS

Durante o mês de abril deste ano, foram realizadas capacitações das equipes técnicas do IBS para início dos trabalhos de um novo projeto executado para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Estado de São Paulo, resultante da Chamada Pública 001/2017. Nesse projeto, o IBS presta serviço de assistência técnica e extensão social (ATER/ATES) a mais de 3 mil famílias de beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrária, sendo 1.220 famílias no lote 7 – Araraquara, Ribeirão Preto e região; 1.358 famílias no lote 8 – Bauru, Iaras e região; e 433 famílias no lote 10 – Sorocaba, Vale do Ribeira e região.

Os beneficiários são famílias atendidas pela PNRA – Programa Nacional de Reforma Agrária, com objetivo de promover a viabilidade econômica, segurança alimentar e nutricional, a sustentabilidade socioambiental e a promoção da igualdade nas relações de gênero, geração, raça e etnia nas áreas de assentamento. Para atendimento aos beneficiários, atuam mais de 40 profissionais formando uma equipe multidisciplinar, composta por técnicos de áreas agrárias e sociais, agrônomos, veterinários, assistentes sociais, dentre outros.

De acordo com Claudio Pinheiro, participar do processo de desenvolvimento das famílias assentadas, contando o apoio do INCRA e seus servidores, é motivo de grande satisfação a toda a equipe do IBS. “Percebemos que estamos contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das famílias e do local onde vivem, ajudando a construir uma nova realidade. Com as ações de infraestrutura que estão sendo planejadas e executadas pela Superintendência do INCRA, junto com o trabalho de assistência técnica, ao longo do tempo teremos uma mudança significativa nestes aspectos, que contribuirão com toda a sociedade, produzindo alimentos de qualidade”, ressalta o diretor do IBS.

Tópicos: , , , , , ,

Voltar ao topo