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É viável o uso da IATF na bovinocultura do Nordeste brasileiro?

Foto: Moraes Neto/Sebrae RN

Foto: Moraes Neto/Sebrae RN

Historicamente, a pecuária leiteira do Nordeste é caracterizada pela baixa capacidade produtiva e, consequente, baixa rentabilidade. Além disso, o preço do leite sofre bastante flutuação durante o ano e há indícios de falta de gerenciamento do sistema produtivo em boa parte das propriedades, contribuindo para a baixa competitividade deste mercado e a precoce saída de diversos produtores da atividade. Devido ao baixo acesso a biotecnologias, a pecuária do Nordeste é muitas vezes associada à baixa fertilidade e ao baixo índice de prenhez dos rebanhos.

Desse modo, para de reverter esse quadro, é necessário que a fertilidade dos animais seja trabalhada de maneira substancial. Entre os fatores que promovem o avanço reprodutivo, a inseminação artificial (IA) dos animais é uma grande aliada. Ao se promover a reprodução assistida dos animais por meio da IA, os níveis de fertilidade tendem a aumentar, o que promoverá a melhora da produtividade do rebanho como um todo, melhorando a rentabilidade do negócio. Porém, a inseminação artificial tradicional necessita da observação do cio de todas as vacas. Tal observação muitas vezes não é garantida, pode ser até mesmo inviável, de forma que não há garantias palpáveis.

Para sanar este problema, os pecuaristas têm a opção de fazer bom uso da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). Esta moderna técnica reprodutiva, que veio para revolucionar a pecuária, tem como principal vantagem a não necessidade de observação do cio das vacas, além da possibilidade de inseminação de um elevado número de vacas no mesmo dia, facilitando o manejo.

Nesta técnica, são utilizados protocolos de sincronização do cio das vacas, por meio dos quais são administrados hormônios que buscam induzir a ovulação, não necessitando da pré-observação do cio, com a inseminação ocorrendo em períodos pré-determinados.

Comparada com a monta natural e a IA tradicional, a IATF é a técnica reprodutiva que demanda maior custo para sua realização. Desse modo, a seguinte pergunta é inevitável: É viável para o Nordeste? A resposta é sim! Primeiramente, porque os resultados observados na aplicação do IATF são bastante expressivos. A seguir, apresentaremos algumas vantagens como incentivo para o investimento nesta técnica.

Ressalta-se que, a IATF visa aumentar a produtividade do rebanho, pois, além do aumento do número de gestações, promove também a melhora genética, pois na inseminação há a possibilidade de utilização de sêmen de touros provados e superiores.

Outra vantagem diz respeito ao menor intervalo entre partos. Para que haja eficiência produtiva, cada vaca deve gerar um bezerro por ano, levando em consideração que a gestação em bovinos dura em média 290 dias (com variação entre raças taurinas e zebuínas), restando aproximadamente 75 dias de intervalo nos quais deve ocorrer involução do útero, o reinício da atividade ovariana, detecção do cio e uma nova concepção. Neste contexto, a IATF auxiliará na sincronização do cio de todas as vacas, promovendo o cio com maior rapidez, o que tende à concentração das concepções num período de tempo menor, reduzindo o intervalo entre os partos. Ao concentrar as concepções, há maior concentração das parições, sendo esta outra grande vantagem da adoção da IATF. Com a concentração das parições, há circunstancial melhora no manejo geral da propriedade, tanto no manejo nutricional como no manejo sanitário das fêmeas prenhas e das crias também.

Tal vantagem também pode ser observada em propriedades que fazem uso de estação de monta, já que a IATF promoverá maior número de concepções no início da estação, concentrando as parições em um momento mais apropriado, principalmente, em relação à qualidade da forragem.

O Nordeste é caracterizado por apresentar um clima peculiar, com altas temperaturas, ambiente seco e chuvas irregulares. Para produzir leite nesta região, são necessários animais rústicos e adaptados às condições locais. Com a implantação da IATF, é possível realizar diferentes cruzamentos, resultando em mestiços cruzados que podem apresentar características referentes à melhor adaptabilidade aliadas à maior produtividade leiteira. Na monta natural, esse cruzamento é pouco viável.

Técnicos monitoram saúde dos animais e sucesso de prenhez

Busque sempre a assessoria de empresas especializadas em reprodução animal. Foto: Moraes Neto/Sebrae RN

Como principal desvantagem desta técnica observa-se uma maior necessidade de infraestrutura física, como por exemplo um tronco em boas condições, garantindo maior segurança para o inseminador e para a vaca. Além disso, há um maior custo para a aquisição de insumos e hormônios usados nos protocolos de indução da ovulação e capacitação da mão de obra.

Como vimos, as vantagens da adoção da IATF são expressivas e trarão claros retornos financeiros ao sistema produtivo. Por isso, deve ser considerada com atenção a possibilidade de investimentos nesta técnica que gera grandes avanços. Porém, é importante a assistência de empresas especializadas em reprodução animal, pois os profissionais dessas empresas irão fazer uma avaliação técnica das condições dos animais e da propriedade, indicando o melhor protocolo para cada condição específica.

Referências
  1. D. Estratégias para aumentar o número de vacas prenhas na fazenda. Portal Dia de Campo. Disponível em:   http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=21600&secao=Manejo. Acesso em: 28 abril, 2016.
  2. MARCIEL, L.S.C. Protocolos de sincronização de cio em bovinos. 71 f. Dissertação (mestrado) Universidade de Trás-os-Montes e alto douro, VILA REAL, Portugal, 2010.
  3. A IATF E SUAS VANTAGENS. Blog Disponível em: http://www.agroline.com.br/blog/iatf-e-suas-vantagens-agroline/. Acesso em: 28 abril, 2016.
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