Jales-SP está localizada a 600 Km da capital paulista e já desponta como potencial comercial alternativo na produção nacional de frutas, principalmente uvas de mesa. Enquanto regiões importantes produtoras de uvas estão na entressafra, a região de Jales, neste momento, garante plena produção com manejo fitossanitário diferenciado. Os técnicos estão direcionando as ações técnicas na região com monitoramento vantajoso do clima local – uma soma de ações que garantem mais “doçura” da fruta, com redução de custos. A ação técnica é do Instituto Biosistêmico (IBS) pelo programa AgroSebrae – sede Sebrae/SP na região de Votuporanga-SP. Na foto, produção de uma única propriedade da região que está em plena colheita – só com a variedade Niágara o produtor, Luis Carlos Franco produz 50 mil quilos por ano
IBS com AgroSebrae: Alta produtividade mesmo na entresafra
A região de Jales-SP no noroeste paulista está investindo em práticas agrícolas que aproveitam uma vantagem da região. Em relação às regiões tradicionalmente produtoras, o clima temperado sem frio intenso dessa região possibilita garantia de produção fora da época comum da fruta. “Produzimos no início do 2º. semestre, nesta época, somente o nordeste (Petrolina) e Pirapora (MG) é quem produz. Outras regiões tradicionais como Sul/Sudoeste de SP, Norte do PR, RS não conseguem produzir nessa época”, analisa o técnico do IBS com o Sebrae, o engenheiro agrônomo, Hideo Nishimoto.
O manejo é o que conta- A entressafra nessa região do estado está entre agosto e novembro e a região de Jales, continua produzindo. O produtor Luis Carlos Franco desenvolve duas variedades, Niágara e Benitaka, ambas consideradas de mesa. A colheita deve se estender até meados de novembro. “O clima ajudou muito, com as prescrições dos técnicos estamos mais controlados em tudo e a qualidade é boa, não temos dor de cabeça para vender”, conta o produtor. A fruta atende consumidores do estado do Paraná e região de Campinas-SP.
O técnico explica que a ação do programa AgroSebrae com a uva promove melhoras na qualidade final das frutas, atraindo o consumidor principalmente por diminuir as frutas de segunda. “Os índices de produtividade são elevados, com qualidade superior”, explica Hideo informando que a ação técnica garante o aumento do chamado brix da fruta, o teor de doçura e formato dos cachos, que tendem a ficar mais compactos – uma das características valorizadas da variedade Niágara. Mais do que isso, o sucesso das uvas de entressafra na região de Jales pelo programa AgroSebrae é resultado de uma série de ações que começa com adubação baseada em análises de solos – programadas com o laboratório móvel AGROMÓVEL
O diferencial da uva de Jales – A reportagem do Interativo pergunta ao agrônomo Hideo se alguma nova orientação técnica foi introduzida nesta região, tradicionalmente reconhecida como excelente produtora de uvas. O agrônomo explica que houve uma manutenção da qualidade que, só é possível por conta do manejo fitossanitário e do regime de chuvas bem monitorados. “A produtividade já era muito boa quando chegamos, porém, as frutas saiam com 20-25% de frutas extras (2ª.), com a variedade Niágara. Aos poucos, sugerimos várias ações para diminuir este percentual que atualmente não deve chegar a 5%, um avanço extraordinário”, comemora o agrônomo. Hideo confirma que a qualidade da fruta é mantida do início ao fim da safra, fato nem sempre comum em todas as regiões vitículas.
Desafios – Em Jales, o programa tem conseguido qualidade na variedade Niágara, porém, na Benitaka, explica o técnico, ainda há desafios. “Todo ano ocorrem perdas, devido ao manejo fitossanitário ineficiente, estamos trabalhando nas ações pontuais”, avalia o técnico. “Agora, estamos fazendo a leitura certa do solo, com bom controle da cochonilha, só falta controlar melhor os custos, precisamos de ajuda na comercialização”, analisa o produtor Luis Carlos Franco. O agrônomo conclui que, na variedade Benitaka, por exemplo, as perdas do produtor chegavam a 30%. Na atual safra, problemas com pragas que muito prejudicaram o produtor no passado estão sendo controlados, confirmando que a eficiência é importante fator na redução de custos. A equipe analisa demonstrativos de produção e custos que em breve serão apresentados ao produtor.