A engenheira agrônoma Madelaine Venzon, pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), está entre as 100 Mulheres Doutoras do Agro apontadas pela Revista Forbes em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Rural, celebrado em 15 de outubro. Disposta em ordem alfabética, a lista apresenta profissionais altamente qualificadas que atuam na Ciência para o desenvolvimento de diferentes setores do agronegócio, em instituições de ensino, pesquisa e empresas.
Representando a Epamig, Madelaine integra a equipe de pesquisadores do projeto Regenera Cerrado, iniciativa desenvolvida no sudoeste de Goiás, que se propõe a disseminar práticas de agricultura regenerativa com respaldo científico. Além de atuar no projeto, a pesquisadora é uma das responsáveis pela concepção do Regenera Cerrado.
PhD em biologia populacional, com ênfase em controle biológico conservativo e uso de insumos alternativos para o controle de pragas, com mais de 30 anos de experiência, ela tornou-se uma referência em agroecologia. Atua nas áreas de agroecologia e agricultura regenerativa, como orientadora em cursos de pós-graduação.
A seguir, na entrevista concedida pela pesquisadora Madelaine Venzon, ela fala sobre o importante reconhecimento da Revista Forbes e sobre sua relação com o projeto Regenera Cerrado.
O que representa para a senhora estar no ranking das 100 mulheres Doutoras do Agro indicado pela Revista Forbes?
Madelaine Venzon – Fiquei muito honrada com a indicação da Forbes e feliz pelo reconhecimento, afinal são 31 anos de Epamig dedicados às pesquisas em controle biológico de pragas. Estamos em um momento que as tecnologias de base biológica estão sendo demandadas na agricultura. Como já trabalhamos com isso, podemos oferecer soluções com base científica para o manejo de pragas. Podemos dizer que participamos da criação da “onda” do controle biológico e não estamos somente “surfando” nela. Isso é extremamente recompensador, saber que o seu trabalho está sendo realmente aplicado.
Num momento em que vivenciamos o protagonismo feminino na Ciência e no Agro, o que a senhora gostaria de destacar da sua trajetória?
Madelaine Venzon – Foi e é um trabalho de muita persistência. Essa é uma das palavras que define a minha trajetória e a outra é a paixão pela ciência e em especial a tudo que está relacionado ao controle biológico de pragas. O desafio foi grande, pois estamos falando de um assunto, o controle biológico, que até pouco tempo atrás não era tão reconhecido. E uma mulher pesquisando e gerando tecnologias nessa área não era uma situação propriamente confortável, mas um desafio. Felizmente, também temos pessoas que nos apoiam e isso faz com que todo esforço valha a pena. Hoje, após romper essas barreiras, estamos colhendo bons frutos e participando da formação de outras cientistas.
Dentre tantas realizações em sua trajetória profissional, a senhora desempenhou um papel fundamental na concepção do projeto Regenera Cerrado. O que significa ser uma das pesquisadoras responsáveis pela concretização desse projeto?
Madelaine Venzon – Eu, juntamente com uma grande pesquisadora, a Dra. Eliana Fontes, pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, participamos da concepção do projeto, que inicialmente era focado em controle biológico de pragas e depois foi agregando outras áreas e outros profissionais. Nós sentimos a necessidade de repassar os nossos conhecimentos e houve uma demanda de um grupo de produtores de Rio Verde que já utilizavam várias práticas de controle biológicos, mas que precisavam aferir tais práticas e se necessário aperfeiçoá-las. Além disso, o projeto propõe também o uso de novas estratégias de controle biológico conservativo que veem complementar as de aumentativo já utilizadas pelos produtores.
O que o projeto representa para a agricultura no Brasil e no mundo?
Madelaine Venzon – A Região de Rio Verde é referência na produção de grãos, em âmbito nacional e internacional. Sendo uma região modelo, nós esperamos uma visibilidade das práticas que estão sendo estudadas, uma vitrine que mostre como o controle biológico pode ser utilizado eficientemente na produção agrícola.
O Regenera Cerrado se propõe a disseminar técnicas de agricultura regenerativa, com base científica e que sirvam de exemplo escalável de produção de soja e milho para o Brasil e para o mundo. Na sua visão, este modelo de projeto poderia ser aplicado em outras culturas?
Esse modelo pode sim ser aplicado em outras culturas, é o caso, por exemplo, do café, uma das culturas que eu trabalho há anos e que tem se destacado pela adoção de estratégias de agricultura regenerativa. As práticas da agricultura regenerativa precisam se adequar ao tipo de plantio, para isso é necessário a pesquisa, mas são viáveis para as diversas culturas tanto anuais como perenes.
Para saber mais detalhes sobre a trajetória profissional de Madelaine Venzon, clique aqui e confira a matéria divulgada na Agência de Notícias do Governo do Estado de Minas Gerais.
Sobre o projeto
O Regenera Cerrado tem como objetivo disseminar técnicas de agricultura regenerativa, respaldadas cientificamente e que sirvam de exemplo escalável de produção de soja e milho para o Brasil e para o mundo.
Criado no Instituto Fórum do Futuro, em 2022, o projeto conta com o patrocínio da Cargill, execução operacional do Instituto BioSistêmico (IBS) e parceria de 10 instituições nacionais e 12 fazendas da região no entorno do município de Rio Verde, no sudoeste de Goiás.
As instituições parceiras no Projeto Regenera Cerrado são a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), o Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), o Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano (GAPES), o Instituto Federal Goiano, a Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a Universidade Federal de Viçosa (UFV), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade de Brasília (UnB).