Registro do encontro do Seu Adão com as filhas, neta e bisneta

Uma das principais atribuições de um extensionista rural é compartilhar o conhecimento e as ferramentas necessárias para que os agricultores familiares possam se desenvolver, melhorar a produção e o acesso aos direitos sociais, aumentar a renda e ter uma vida melhor.

Consciente do importante papel que desempenha, o engenheiro agrônomo Fernando Marcos Zarantonalli – extensionista do Instituto BioSistêmico (IBS) no Programa Produzir Brasil no Mato Grosso do Sul – afirma que é fundamental estar atento às necessidades das pessoas.

Numa conversa atenta durante um atendimento do Programa, ele percebeu que poderia contribuir para o reencontro da família do aposentado Adão dos Santos Morais, 69 anos, atendido pelo IBS no Assentamento Foz do Rio Amambai, em Itaquiraí-MS. Há cerca de 40 anos, Adão vivia sem ter notícias dos quatro filhos e não tinha esperança de reencontrá-los.

Comovido com a história do aposentado, Fernando fez algumas buscas em redes sociais e localizou o filho caçula e, logo depois, estava em contato com as filhas também. Todos eles moram em Sinop, no Mato Grosso.

“Parece até novela de tão incrível que é essa história. Como o Seu Adão vive sozinho, faltava alguém disposto a ajudar. Quase quatro décadas sem ver os filhos e resolvemos em algumas horas de busca nas redes sociais. O que parecia inatingível estava ao alcance de uns cliques no celular”, relata o extensionista.

Para Seu Adão, o gesto de Fernando mudou a vida da família e todos ficaram muito gratos por tamanha gentileza. “Ele foi um verdadeiro anjo em nossas vidas. Ainda é difícil de acreditar que reencontrei meus filhos. Eu não sabia se estavam vivos ou mortos, não tinha ideia do paradeiro deles. Agora, não estou mais sozinho. Tenho a minha família”, comemora.

Reencontro

No dia 17 de setembro de 2023, duas filhas, a bisneta, a neta e o esposo dela saíram de Sinop rumo a Itaquiraí para o tão esperado reencontro. “Foi muita emoção rever minhas filhas, conhecer a bisneta, a neta, o marido dela. Eu não aguentei e caí no choro de tão feliz que estava”, relembra o aposentado.

“Foram dias felizes, colocando a conversa em dia, matando a saudade. Sinto-me aliviada, pois não sabia se ele ainda estava vivo e agora eu tenho meu pai de volta. Não tem preço o que o Fernando fez por nós. Seremos eternamente gratos a ele”, afirma Claudete dos Santos Morais, a filha mais velha do Seu Adão que organizou a viagem da família de Sinop para Itaquiraí.

Depois do reencontro, pai e filhos mantém contato frequente por telefone e já estão programando um próximo encontro. “Em maio, eu quero ir visitá-los em Sinop. Vai ser bom sair um pouco, ir passear em outra cidade, rever todos os meus filhos”, planeja Seu Adão.

O desencontro

Conforme explica o aposentado, na década de 1980, a família morava em Sete Quedas, no Mato Grosso do Sul, e depois que ele e a esposa se separaram, perdeu contato com ela e o filho caçula. As três filhas ficaram morando com ele por um tempo, mas depois passaram a morar com os avós maternos.

“Eu trabalhava como prestador de serviço em fazendas no Paraguai. Todo mês, eu ia visitar minhas filhas. Numa ocasião, depois que fiquei vários meses sem poder visitá-las por conta do trabalho, fui até a casa dos avós delas em Sete Quedas e não tinha mais ninguém. Eles se mudaram para outra cidade, e os vizinhos não souberam dizer para onde. Eu não tive meios para ir atrás deles, pois nem sabia que rumo tomar”, conta.

Claudete lembra que ela, as irmãs e os avós se mudaram de Sete Quedas para Sinop em 1987. “Depois nunca mais vimos nosso pai. Como não tínhamos telefone, era mais difícil. Não havia as facilidades de se comunicar como temos hoje”, relata.

Depois de mais de 20 anos trabalhando no Paraguai, o Seu Adão retornou ao Brasil e escolheu Itaquiraí para viver, onde reside desde 2013 no Assentamento Foz do Rio Amambai. Ele afirma gostar da vida tranquila do local, cuida do gado da chácara e tem uma boa relação com a vizinhança.

Atuação além da ATER

Para Fernando, que foi o grande responsável pelo reencontro da família, poder contribuir para a felicidade e o bem-estar das pessoas que atende faz parte da sua rotina nos atendimentos de assistência técnica e extensão rural (ATER).

O aposentado e o extensionista que se tornou um “anjo” para a família

Ele explica que, além da orientação técnica voltada para melhorias na produção, os extensionistas do Instituto BioSistêmico no Produzir Brasil auxiliam em questões de documentações, aposentadoria e outras situações burocráticas e sociais com as quais os beneficiários do Programa têm dificuldades para lidar.

“Quando o Seu Adão contou a história dele e eu percebi que poderia ser simples de resolver, não pensei duas vezes e fui atrás dos filhos. Sinto-me muito feliz por ter contribuído para o reencontro dessa família”, afirma Fernando.

Gestos como o do extensionista do IBS neste caso são um bom exemplo de empatia, quando a pessoa é capaz de se colocar no lugar do outro. Segundo o diretor de ATER do IBS, Claudio Pinheiro, essa é uma capacidade fundamental e muito priorizada nos atendimentos de ATER do Instituto BioSistêmico.

“Valorizamos a humanização no exercício da assistência técnica e extensão rural. Portanto, é grande nossa satisfação em compartilhar histórias como a do Seu Adão que reencontrou a família por intermédio de um extensionista atento que foi capaz de atuar além da ATER para melhorar a vida de uma pessoa”, pontua Claudio Pinheiro.

Sobre o Produzir Brasil

O Instituto BioSistêmico executa a assistência técnica e extensão rural no Programa de Consolidação de Assentamentos – Produzir Brasil, no município de Itaquiraí, no Mato Grosso do Sul, desde 2021.

Desenvolvido pela Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo e implementado através de chamada pública pela Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER), o Programa de Consolidação de Assentamentos – Produzir Brasil tem como objetivo transformar a assistência técnica convencional para atender às novas exigências da sociedade brasileira e do público de famílias assentadas.

O IBS foi selecionado para atender o lote 5 – Município de Itaquiraí, por meio de Edital de Chamada Pública fruto do contrato de gestão firmado entre a ANATER e o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).