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Pecuarista aposta em tecnologia para obter gado para corte no Agreste

Produtor Walter Barreto conseguiu ampliar rebanho para corte com reprodução sincronizada. Fotos: Moares Neto/ASN RN

Produtor Walter Barreto conseguiu ampliar rebanho para corte com reprodução sincronizada. Fotos: Moares Neto/ASN RN

Natal – Numa terra de pouca água, clima seco e chuvas irregulares, o produtor Walter Gomes Barreto tinha um desafio para viabilizar os negócios da fazenda Ingá, uma extensão de 5.630 hectares de terra no município de São Tomé (distante 118 quilômetros de Natal) que pertence à família. Ele precisava criar bezerros que tivessem alto peso a nascer e mantivesse o mesmo padrão ao desmamar, já que comercializa animais apartados. A solução veio com a reprodução sincronizada das melhores matrizes da fazenda.

O produtor só alcançou o objetivo devido ao projeto Leite & Genética, que vem sendo implementado no Rio Grande do Norte pelo Sebrae em parceria com o Instituto BioSistêmico (IBS). Walter Barreto foi um dos 204 criadores de bovinos que aderiram ao projeto no ano passado para melhorar a qualidade do plantel. Através do suporte, ele tem conseguido sincronizar os partos das vacas e o mais importante: obter bezerros de alto valor.

Rebanho mestiço está sendo padronizado para uma raça de corte

Rebanho mestiço está sendo padronizado para uma raça de corte

Walter Barreto hoje tem um rebanho de 150 cabeças e cria o gado em regime de extensão, solto no pasto, e optou pela inseminação artificial em tempo fixo, consiste na técnica de forçar várias vacas, com aplicação de hormônios, a entrarem cio e serem inseminadas num único dia. Isso garante que os partos sejam simultâneos e os bezerros nasçam com uma mesma padronagem de tamanho e peso, além dos ganhos genéticos. “Com esse sistema de vacas soltas, não dava para eu inseminar naturalmente. Era impossível. A solução é fazer esse tipo de inseminação que sincroniza tudo de uma vez”, reconhece o produtor, que também é agrônomo.

No que se refere aos ganhos genéticos, a inseminação foi determinante para melhorar a qualidade do plantel. Mesmo com um rebanho praticamente todo mestiço, ele está conseguindo torna-lo mais homogêneo direcionado para a raça nelore, que concentra animais mais robustos, ideais para abate. Ele ingressou no projeto em maio do ano passado e chegou a inseminar 41 animais. Do total, 41% das inseminações foram bem sucedidas. “A vantagem é que tenho todo um aparato tecnológico que vem à minha propriedade e que faz um monitoramento completo do meu gado. Tenho um especialista à minha disposição”.

Sêmen de alto padrão

Para este ano, ele já programou outras 59 inseminações. “A vantagem é que o touro já é de alto padrão. Só faço escolher as minhas melhores matrizes”, diz o criador.  O projeto dispõe de um catálogo de sêmen de raças voltadas para corte. O produtor potiguar pode escolher o material genético de uma variedade de touros das raças nelore, guzerá, angus, senpol e sindi, especialmente selecionados por técnicos do Leite & Genética.

Segundo o criador, o padrão do rebanho já vinha melhorando gradativamente, mas houve um impulso. “Com o projeto, houve uma aceleração na quantidade de animais e os novilhos ficam padronizados. Tenho a oportunidade de programar os partos para fugir da época de estiagem e obter os melhores pastos, conseguindo criar animais de melhor qualidade,”, explica Walter Barreto, que chega a vender 30 bezerros machos por ano.

Vaca mestiça com um bezerro resultante da inseminação, melhorando o padrão genético

Vaca mestiça com um bezerro resultante da inseminação, melhorando o padrão genético

A tática de vender os animais machos ainda novos tem a ver com redução de custos e economia. “Meu gasto com insumos dura apenas seis meses e tenho animais robustos para a venda. Se deixasse virar touro, eu gastaria uns dois anos e meio e ainda assim não teria garantia de que o boi estaria com o mesmo padrão, já que muitas vezes o gado sofre do efeito sanfona”, ensina Walter Barreto.

Para os interessados em participar do programa, as inscrições para novas adesões estão abertas até dia 13 deste mês. A adesão ao projeto pode ser feita em qualquer ponto de atendimento do Sebrae em Natal ou nos escritórios regionais nas cidades de Apodi, Assu, Caicó, Currais Novos, João Câmara, Mossoró, Nova Cruz, Pau dos Ferros e Santa Cruz.

O produtor pode adquirir um dos pacotes de inseminação do chamado CRIATF tanto para quem tem rebanho leiteiro ou gado voltado para corte. São blocos com 10, 20, 40, 60 e 80 inseminações em animais leiteiros. Os valores variam de R$ 3,3 mil a R$7,6 mil. Já os pacotes para corte contêm 50, 100 e 150 inseminações e os preços da consultoria, que nos dois casos também envolve outros serviços, variam de R$ 4,5 a R$ 9,5 mil. A maior parte desses valores – 60% – é subsidiada pelo Sebrae, restando somente 40% para o produtor, que ainda podem ser financiados.

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