Negócio Rural

Minha História: Com informação bem aplicada, o leite se transforma em negócio de família

José Garcia com a esposa e o filho Emerson, o construtor do mangueiro. Fotos Regina Groenendal/IBS

José Garcia com a esposa e o filho Emerson, o construtor do mangueiro. Fotos Regina Groenendal/IBS

Mesmo após ter sido contemplado com um lote no Assentamento Patagônia, no Município de Terenos, na Região Central do Estado, o produtor de leite José Garcia trabalhou como diarista em propriedades das redondezas por cerca de 15 anos. Para ajudar na renda familiar, a esposa dele, Luzinete da Silva, trabalhava como faxineira. Os quatro filhos também buscaram ocupações fora do sítio, pois a família não conseguia tirar o sustento da terra.

“Toda vez que eu acordava para tirar leite, rezava para que minhas vacas estivessem em pé, de tão fracas que eram”, recorda José Garcia. Há menos de dois anos, com uma média de 25 vacas em lactação, ele produzia 50 litros por dia. “Era um trabalho danado para quase nada. Tinha vaca que nem chegava a dois litros”, conta.

Mas o rumo dessa história começou a mudar em junho de 2012, quando José Garcia passou a integrar o projeto de fomento à pecuária leiteira desenvolvido pelo SEBRAE com execução do IBS. “Fizemos os piquetes, melhoramos a higiene na hora da ordenha, começamos a plantar cana e milho para fazer silagem para os tempos de seca. Hoje, produzo 200 litros e recebo uma bonificação por qualidade”, conta o produtor, com orgulho das mudanças que conseguiu implementar.

Em Terenos, no ano de 2014, totalizavam cerca de 122 atendidos pelo projeto e José Garcia integrava um grupo de 63 formado por produtores dos assentamentos Patagônia, Campo Verde, Paraíso, Querência, Canaã, Gaicurus, Assafur e Santa Mônica. “Um grupo menor de produtores desses assentamentos era atendido desde 2011, mas conseguimos expandir os atendimentos para 63 produtores aqui da nossa região”, explica a produtora Lucilha de Almeida, do Assentamento Patagônia, que atua como líder comunitária na região.

Lucilha e José próximos à plantadeira, um dos primeiros investimentos do produtor

Lucilha e José próximos à plantadeira, um dos primeiros investimentos do produtor

Lucilha foi uma das principais mobilizadoras desse grupo que se tornou referência para outros produtores. “Logo depois do primeiro atendimento do Vaca Móvel, as mudanças foram imediatas na qualidade do leite. Com medidas simples de higiene e manejo, atingimos bons índices”, relata Lucilha.

Ela destaca o exemplo do produtor José Garcia que, a partir das orientações que recebeu do projeto, mudou a vida de toda família. Dois filhos dele retornaram ao sítio para se integrarem à produção de leite. Um deles, Emerson Cardoso Garcia, foi o projetista e o construtor do mangueiro, com foço e instalações adequadas para ordenha mecanizada, que tem servido de modelo para os vizinhos que também produzem leite.

“O projeto abriu minha mente para novos caminhos. Hoje, eu sei o que tenho, o que posso fazer para melhorar a produção e onde devo investir”, resume José. Ele buscou as linhas de crédito disponíveis e comprou um pequeno trator usado, uma plantadeira e uma grade para arar a terra. Por enquanto, a meta do produtor é chegar aos 600 litros por dia. Mas a dona Luzinete acredita que a família pode atingir um volume ainda maior. “Eu nunca mais quero saber de faxina na casa dos outros”, desabafa a dona de casa. Ela diz que, depois de tanto tempo de vacas magras, o melhor é investir no leite que se transformou num bom e próspero negócio de família.

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