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Programa contribui para o cultivo de café sustentável na região da mogiana paulista

Casal de produtores de café, Sr. Vitório José dos Reis e dona Jandira Rodrigues dos Reis com o técnico Junior Viana que atua na coordenação do programa pelo IBS

Casal de produtores de café, Sr. Vitório José dos Reis e dona Jandira Rodrigues dos Reis com o técnico Junior Viana que atua na coordenação do programa pelo IBS

Desde maio de 2014, 637 unidades de produção familiar (UPF) são atendidas pelo Instituto BioSistêmico (IBS) em 11 municípios paulistas, no Programa de Promoção da Agricultura Familiar Sustentável na Cadeia Produtiva do Café da Chamada Pública 08/2013 do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O trabalho de Assistência Técnica e Extensão Rural é desenvolvido por meio de planejamento, execução e avaliação de atividades individuais e coletivas, com foco no desenvolvimento sustentável das UPFs numa das principais regiões produtoras de café arábica do Estado de São Paulo.

A assistência técnica do IBS chega aos municípios de Espírito Santo do Pinhal, Caconde, Divinolândia, São Sebastião da Grama, Santo Antônio do Jardim, Itapira, Serra Negra, Amparo, Socorro, Monte Alegre do Sul, Águas da Prata e Itapira. Esses municípios estão na região da mogiana, onde se encontra um dos melhores cafés de altitudes do Estado. A equipe envolvida no projeto é composta de 10 profissionais que atuam na realização de cursos e visitas às unidades de referência, além de duas colaboradores que dão suporte operacional nos escritórios do IBS de Espírito Santo do Pinhal e Rio Claro.

De acordo com o técnico ambiental Junior Viana, que atua na coordenação das atividades do programa, o trabalho executado pelo IBS representa a oportunidade dos agricultores familiares receberem orientação técnica para o fomento da cafeicultura de forma sustentável, com otimização de recursos financeiros e de recursos naturais.

Propriedade Unidade de Referencia- UR do produtor Amauri Rosante, em Socorro: experimento com adubação verde em parceria com ACOB.

Propriedade Unidade de Referencia- UR do produtor Amauri Rosante, em Socorro: experimento com adubação verde em parceria com ACOB.

“Buscamos orientar a preservação e conservação de recursos hídricos e ecológicos, o que deverá ser destacado na região como um fator de responsabilidade e, assim, esses produtores terão agregação de valor ao produto final. Isso contribuirá para que as famílias possam melhorar a renda, além de abrir caminhos para o turismo rural, com obtenção de resultados significativos para toda a região produtora do café”, explica Junior Viana.

Segundo Viana, nos dois anos de trabalho, a equipe do IBS tem se empenhado em levar ao produtor novas ideias para melhorar a produção do café com qualidade. Ele destaca a parceria com a Associação Brasileira de Café Orgânico (ACOB), a partir da qual foi realizado um trabalho de orientação para o cultivo de sementes de adubação verde para correção e melhoria da fertilidade do solo, sendo cultivado em consórcio com o café. Existe também a parceria com o Sebrae e Senar para algumas ações.

Com execução prevista até abril de 2017 para o programa, a equipe passou, recentemente,  por uma capacitação para alinhamento das estratégias de trabalho para cumprimento dos desafios até o próximo ano. “Nossa expectativa é levar cada vez mais capacitação para as UPFs atendidas e fortalecer ainda mais as parcerias que contribuam na disseminação de tecnologias mais sustentáveis. Iniciamos uma conversa com o setor de tecnologia de transferência da Embrapa Meio Ambiente, por exemplo, o que poderá resultar numa importante trabalho conjunto”, adianta Junior Viana.

Café sustentável
A família de Darcio Carra comercializa café torrado, premium, expresso-grão, expresso-moído e gourmet.

A família de Darcio Carra comercializa café torrado, premium, expresso-grão, expresso-moído e gourmet.

Conforme explica a técnica agrícola e ambiental Jaqueline Inácio Del Vechio que atende produtores de Espírito Santo do Pinhal, Itapira e Serra Negra, o café sustentável segue o modelo de manejo que atende a demanda social, econômica e ambiental da Unidade Familiar de Produção. A forma de cultivo deve incentivar a longevidade da atividade e implantação de rotinas que valorizem o homem no campo.

“O cultivo do Café Sustentável está ainda em processo de evolução na região, que vem de um sistema tradicional na produção do café e enfrenta ainda resistência de alguns agricultores convencionais. Uma realidade que já vem mudando desde que foi iniciado o projeto, pois os agricultores passaram a ter mais acesso à informação que os ajuda a desenvolver a produção cafeeira com agregação de valor e sustentabilidade”, afirma Jaqueline.

O produtor Darcio Carra com a técnica Jaqueline Inácio Del Vechio.

O produtor Darcio Carra com a técnica Jaqueline Inácio Del Vechio.

Um dos exemplos em cultivo sustentável está no Sítio São Fernando, no Município de Serra Negra, bairro dos Leais, conduzido pelo agricultor Dárcio Carra e familiares. O cafeicultor é beneficiário do programa e já utilizava práticas alternativas de manejo no cafeeiro em busca de valorização do produto e competitividade de mercado.

“Darcio Carra é de uma família que sempre valorizou os cuidados com o meio ambiente. Há 30 anos, a família realiza plantio de nativas e é pioneira na produção de alimentos e produtos de qualidade na região: manga, cachaça, vinho e, atualmente, o café. O agricultor não utiliza agroquímicos na lavoura, pois considera que os produtos que são utilizados no sistema convencional de cultivo tiram as características naturais do grão e do solo, além de tornar a atividade ainda mais cara”, relata a técnica do IBS.

O cafeicultor optou por utilizar um manejo alternativo, utilizando torta de mamona, turfa, cama de frango e uma rotina de roçadas o ano todo, buscando, assim melhorar as características do solo e a qualidade do produto final. Ele e a família torram e embalam, artesanalmente, 80% do café produzido para a comercialização por meio de turismo rural.  A família comercializa café torrado, premium, expresso-grão, expresso-moído e gourmet.

Para Darcio Carra, participar do programa é uma excelente oportunidade para aperfeiçoar o conhecimento sobre a cadeia produtiva do café e melhorar as condições de produção, beneficiamento e comercialização. “Conhecimento é sempre bem-vindo. Tenho visto o quanto esse trabalho tem ajudado a abir os horizontes de muitos cafeicultores na nossa região. Todos podemos evoluir no cultivo do café e, mais que isso, aprender a reconhecer a qualidade do produto que oferecemos ao mercado, agregando valor e não apenas vendendo comodities”, destaca o agricultor.

 

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