Na Biofach 2016, foram representadas cerca de 6 mil famílias de produtores brasileiros. Fotos: Arquivo COOPFAM

Pelo terceiro ano consecutivo, a Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (COOPFAM) participou da Biofach, a maior feira de alimentos orgânicos e produção sustentável no mundo, realizada na cidade de Nuremberg na Alemanha, no mês de fevereiro. Representando o café produzido por mais de 400 agricultores familiares no Sul de Minas de Gerais, a COOPFAM foi um dos oito empreendimentos do Brasil que participaram da feira onde foram representadas cerca de 6 mil famílias de produtores brasileiros.

De acordo com o diretor-presidente da cooperativa, Clemilson José Pereira, a participação na Biofach ampliou as oportunidades no mercado internacional. Além de ser comercializado no Brasil, o café orgânico da COOPFAM é exportado para nove países. Em 2015, o empreendimento exportou 13 mil sacas de grãos de café diretamente e outras 13 mil indiretamente, por meio de parceria comercial.

Edvânia de Fátima Fernandes, responsável pelo departamento de torrefação, foi a representante na COOPFAM na edição 2016 da Biofach.

“Com a experiência da feira, mudamos e muito a nossa forma de negociar, de sentar junto, de apresentar o nosso produto e de como se comportar. A Biofach é um evento de orgânicos gigante e é impressionante o tamanho da criatividade e inovação que a gente tem oportunidade de conhecer e aprender por lá”, destaca Clemilson que representou a cooperativa no evento em 2014 e 2015.

Na edição 2016 da feira, a COOPFAM foi representada por Edvânia de Fátima Fernandes, responsável pelo departamento de torrefação. “Descobrimos novas tecnologias e conhecemos um pouco mais de nossos concorrentes. Nessa feira, percebemos que podemos ir além do café, que temos demanda para óleo e casca do café, podendo agregar ainda mais valor ao produto final”, relata Edvânia.

Segundo ela, a participação foi bastante produtiva com realização de contatos com potenciais compradores tanto para o café verde como também para o café industrializado. “Foram contatos para parceria na Europa para o café industrializado, além de contato com importadores chineses e italianos. Ainda estamos no processo de negociação, mas nossas expectativas são muito boas”, afirma.

Estímulo

Registro de umas das reuniões de Planejamento Estratégico conduzida pelo IBS.

Edvânia acrescenta que a participação em feiras e eventos não era uma rotina para a cooperativa, o que passou a ser estimulado quando a equipe do Instituto BioSistêmico (IBS) começou a atender o empreendimento pelo Programa Mais Gestão do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

“O IBS sempre nos apoiou a participar de feiras e isso é muito importante, pois nessas ocasiões temos a chance de mostrar nosso produto, realizar contatos e firmar parcerias. Também nos apoiou na elaboração de folders usados para divulgar nosso café. Hoje, a participação em feiras é o carro chefe da nossa divulgação”, complementa Edvânia.

O IBS atendeu a COOPFAM de 2013 a 2015 pelo Mais Gestão, tendo como principais ações a revisão do planejamento estratégico, que define os objetivos econômicos e comerciais das cooperativas, bem como a reestruturação organizacional para melhor execução das atividades operacionais.

Segundo Edvânia, o trabalho desenvolvido pelo IBS foi essencial para a organização, crescimento e projeção da cooperativa. “Tivemos auxílio na gestão financeira, contábil, foi possível realizar o primeiro plano de negócios da torrefação, a partir do qual constatamos a viabilidade do nosso produto e identificamos o que deveria ser melhorado para atingir nossos objetivos. A partir dos trabalhos desenvolvidos juntamente com o IBS, como divulgação e criação de planejamento estratégico, houve crescimento da nossa marca de café industrializado, o Café Familiar da Terra que alcançou uma projeção nacional”.

Trajetória

Atualmente, a cooperativa conta com 412 cooperados.

A COOPFAM foi fundada em 2003, mas tudo começou no início da década de 80 no município de Poço fundo, quando produtores rurais se uniram através de um movimento religioso denominado Pastoral da Terra, em busca de condições mais justas e dignas para a comercialização. Em 1991, o grupo fundou a Associação dos Pequenos Produtores de Poço Fundo firmando seus objetivos de promoção e cooperação.

No início da década de 80 eram apenas seis produtores que buscavam uma agricultura diferenciada. Atualmente, a COOPFAM tem 412 cooperados e encontra-se muito bem organizada e gerida em núcleos, o que garante que as informações cheguem a todos os cooperados. Além disso, dispõe de contabilidade interna, gestão de riscos na bolsa de valores, e exportações diretas.

Em 2009, por meio de um projeto com o Banco do Brasil, a cooperativa conseguiu a agroindústria, mas os trabalhos da torrefação só se concretizaram em 2013. Foram muitos desafios até obter um café com a qualidade desejada pelos cooperados para atenderem o mercado. No início de 2014, foram criadas as atuais linhas do Café Familiar da Terra: Sustentável, Orgânico e Orgânico Feminino que é produzido por um grupo de mulheres da cooperativa.

As atuais linhas do Café Familiar da Terra: Sustentável, Orgânico e Orgânico Feminino

Por orientação do IBS no período de atendimento do Mais Gestão, a cooperativa passou a participar de chamadas públicas para fornecer café orgânico na modalidade Compra Institucional do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a partir de 2015. A modalidade permite que órgãos dos governos federal, distrital, estaduais e municipais comprem, com recursos próprios, por meio de chamada pública, alimentos da agricultura familiar para o atendimento de demandas próprias de abastecimento.

Nesta modalidade, a cooperativa encontra-se na segunda chamada pública para fornecimento de café ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome (MDS), além de fornecer ao MDA e à EMATER –DF. “Para a COOPFAM a venda através de chamada pública representa uma grande oportunidade, pois através dela estamos expandindo e divulgando a nossa marca de café. Acreditamos que o café como cultivamos concilia o respeito com o meio ambiente com a garantia de remuneração justa ao produtor. E essas vendas proporcionaram tudo isso”, acrescenta o diretor-presidente Clemilson José.