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2º Workshop Regenera Cerrado reúne 650 pessoas para debater agricultura regenerativa

 

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O futuro da agricultura está sendo moldado por práticas inovadoras e sustentáveis que puderam ser demonstradas durante o 2º Workshop do Projeto Regenera Cerrado, realizado no dia 29 de agosto no Instituto Federal Goiano em Rio Verde-GO. Um marco na discussão sobre agricultura regenerativa, o evento reuniu 650 pessoas, entre produtores, pesquisadores, estudantes e demais atores do setor para compartilhar conhecimento e experiências.

Pesquisadores e produtores apresentaram os resultados preliminares de dois anos de pesquisa sobre as práticas adotadas no sistema regenerativo, em lavouras de soja e milho, nas 12 fazendas que integram o projeto, no Sudoeste Goiano. Os resultados demonstram que produzir de forma mais sustentável é um caminho promissor para o futuro da produção agrícola.

Ao adotar práticas como o uso de bioinsumos, a rotação de culturas, o sistema plantio direto e a integração lavoura-pecuária, por exemplo, os produtores podem aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do solo e contribuir para a conservação do meio ambiente e para a mitigação das mudanças climáticas.

Nas pesquisas na área de entomologia, ficou comprovado que o uso de bioinsumos favorece a biodiversidade, controle biológico e os polinizadores. Isso significa que a redução de moléculas de maior toxicidade incrementa a diversidade, a abundância e a atuação de organismos benéficos, favorecendo o controle natural de pragas e doenças nas lavouras.

Em relação aos polinizadores, os pesquisadores identificaram que as abelhas são os principais visitantes florais da soja e que a abundância de abelhas foi maior nas áreas de produção com maior adoção de práticas regenerativas.

“Comprovamos, como já era esperado, que as matas nativas adjacentes às áreas agrícolas sustentam as populações de abelhas que poderão atuar como polinizadoras nas áreas de produção de soja. A composição de espécies semelhantes entre as áreas naturais e áreas de soja indica que as abelhas estão conseguindo transitar entre essas áreas”, destaca a pesquisadora Carmen Pires, da Embrapa/Cenargen, que coordena a pesquisa com polinizadores no projeto.

Os estudos relacionados à qualidade física, química e biológica do solo, constataram que a agricultura regenerativa favorece a diminuição da compactação e a manutenção da fertilidade e da atividade biológica no solo, mesmo com menor aporte de insumos sintéticos.

Nesses estudos, foi identificado o efeito da maior intensidade de práticas regenerativas sobre as comunidades bacterianas e fúngicas, com reflexos positivos nos gêneros de controle biológico como Bacillus, Trichoderma, Beauveria e Metarhizium.

Também se constatou que sistemas mais regenerativos são capazes de manter as populações de nematoides fitoparasitas sob controle, mesmo sem utilização de nematicida sintéticos, além de favorecer grupos benéficos de nematoides de solo.

Nas pesquisas em fitopatologia, os pesquisadores observaram potencial supressivo dos solos cultivados em sistema regenerativo, que apresentaram menores populações de patógenos como Fusarium oxysporum e F.solani. “Essa tendência também foi observada para a produtividade, o que indica a resiliência do sistema ao suportar vários dias sem chuvas e mesmo assim manteve altas produtividades de soja”, relata o pesquisador Alaerson Geraldine, do Instituto Federal Goiano, que conduziu os estudos nesta área.

Difusão da Agricultura Regenerativa

Para Jorge Gustavo, analista de sustentabilidade da Cargill, o workshop é uma oportunidade de compartilhar os resultados observados em campo com a comunidade como um todo, de modo a difundir as informações para o maior número possível de pessoas.

“Eventos como esse são de fundamental importância para cumprirmos um dos maiores objetivos do Projeto Regenera Cerrado, que é difundir conhecimento sobre agricultura regenerativa ao longo da cadeia de produção. Com a difusão de práticas mais sustentáveis de agricultura, contribuímos para sistemas de produção de alimentos mais resilientes e adaptados ao novo cenário climático”, destaca Jorge Gustavo.

Entre os produtores que participam do projeto, Claudio Leão, da Fazenda RV – Monte Alegre, afirma que é gratificante integrar essa iniciativa. “Este workshop é um marco para nós produtores, pois estamos compartilhando os primeiros resultados das pesquisas sobre as práticas sustentáveis que adotamos em nossas fazendas. Com o suporte dos pesquisadores, estamos comprovando que é possível fazer agricultura regenerativa e levar o conhecimento que estamos gerando para outros produtores e para a sociedade. É uma grande honra fazer parte desse projeto”, define o produtor.

Sobre o Regenera Cerrado

O Regenera Cerrado tem como objetivo disseminar técnicas de agricultura regenerativa, respaldadas cientificamente e que sirvam de exemplo escalável de produção de soja e milho para o Brasil e para o mundo.

Idealizado no Instituto Fórum do Futuro, em 2022, o projeto conta com o patrocínio da Cargill, execução operacional do Instituto BioSistêmico (IBS) e parceria de 9 renomadas instituições nacionais e 12 fazendas da região no entorno do município de Rio Verde, no Sudoeste de Goiás.

As instituições parceiras no Projeto Regenera Cerrado são a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), o Grupo Associado de Agricultura Sustentável (GAAS), o Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano (GAPES), o Instituto Federal Goiano, a Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade de Brasília (UnB).

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