Com o objetivo de aproximar os diversos elos da cadeia produtiva do leite da Região Nordeste, Aracaju vai abrigar a 12ª edição do Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados – Enel -, entre os dias 5 e 7 de novembro, no Centro de Convenções de Sergipe.
Criado em 2003 pelo Sebrae do Rio Grande do Norte, o Enel reúne produtores rurais, fornecedores, indústrias de derivados, queijarias artesanais, laboratórios de análise e mercado. Para fomentar a atividade leiteira em toda Região Nordeste, o evento é itinerante, contemplando um Estado a cada edição.
Na ocasião, os produtores rurais sergipanos terão a oportunidade de conhecer o que há de novo no mercado, além da experiência vivida por produtores de leite de outras regiões. Entre os expositores, estará uma equipe do Instituto Biosistêmico – IBS – uma organização do terceiro setor que dissemina tecnologia e informação para o desenvolvimento sustentável do homem do campo.
Em parceria com o Sebrae, o IBS atua em projetos de fomento à pecuária leiteira nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Por meio desses projetos, os produtores recebem consultoria especializada de médicos veterinários, zootecnistas e engenheiros agrônomos, com foco na qualidade e aumento da produtividade. Atualmente, cerca de 1800 produtores rurais são atendidos pelo instituto, com acesso aos laboratórios móveis, como o Vaca Móvel e o Rufião Móvel que estarão expostos para visitação durante o Enel.
TECNOLOGIA
O Vaca Móvel dispõe de equipamentos para a realização de diferentes testes que apresentam índices de qualidade do leite. Com os resultados, é possível recomendar ajustes nutricionais, além de orientar medidas sanitárias para o rebanho.
Já o Rufião Móvel é equipado com aparelho de ultrassom para a realização de exames no gado. Permite a sincronização das matrizes, diagnóstico de gestação, seleção e classificação de matrizes.
De acordo com Daniel Delefine, diretor de pecuária do IBS, o instituto também desenvolve tecnologias de melhoramento genético como Gene Leite – com fertilização in vitro e transferência de embriões – e o CRIATF – Programa de reprodução inteligente com inseminação artificial por tempo fixo.
“Cada região apresenta uma realidade específica a ser trabalhada. Desenvolvemos um plano de ações tendo em vista as condições da região e de cada propriedade. Os resultados têm sido satisfatórios mesmo em meio as dificuldades como a última seca que atingiu todo Nordeste, no período de 2011 a 2013”, afirma Daniel.
RESULTADOS NA SECA
Mesmo com a estiagem prolongada, o produtor de leite Saulo Wanderley da Nóbrega conseguiu manter a produtividade da Fazenda Mulungu, em São João do Sabogi, no Sertão do Rio Grande do Norte. “Num momento em que muitos produtores deixaram de produzir ou diminuíram a produção, eu não deixei de entregar o leite para o laticínio”, relata Saulo.
Com 20 anos de experiência na atividade leiteira, ele atribui a constância na produção à consultoria que recebe, há dois anos, no projeto Leite e Genética, desenvolvido pelo Sebrae/ RN com execução da consultoria pelo IBS. Graças ao manejo de alimentação adequado, o rebanho permaneceu numa condição corporal boa, sem perdas significativas. Foi necessário recorrer às cactáceas e comprar alimento fora.
“A parte reprodutiva ajustada, a partir do trabalho feito com o Rufião Móvel, foi fundamental para o nosso planejamento e a constância nas lactações. Antes, trabalhávamos com possibilidades, sem a certeza que hoje temos com os exames de ultrassom. Depois do Vaca Móvel, identificamos as falhas e conseguimos acabar com a mastite. Há cerca de dez meses, não tivemos mais nenhum caso da doença”, assegura Saulo Wanderley.