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Biotecnologia ajuda a melhorar produção de pecuaristas potiguares

A técnica da inseminação artificial está sendo demonstrada na Festa do Boi. Foto: Marco Polo Veras

A técnica da inseminação artificial está sendo demonstrada na Festa do Boi. Foto: Marco Polo Veras

Natal – O pequeno criador sabe bem o quanto fica oneroso substituir um rebanho de raças indefinidas por um de raças puras. No entanto, um grupo de pecuaristas potiguares está experimentando os benefícios da utilização de biotécnicas para melhorar o padrão genético das reses e, assim, ganhar mais produtividade tanto em animais para abate quanto para produção de leite. Para difundir a importância do uso da biotecnologia no campo, o Sebrae no Rio Grande do Norte decidiu fazer os procedimentos durante a Festa do Boi, que é o maior evento da pecuária do estado e reúne criadores de todas as regiões. A técnica está sendo demonstrada às tardes no Espaço Negócios Rurais do Sebrae na festa, que prossegue até o sábado (18), no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim.

A inseminação artificial é a biotécnica mais comum e consiste em colher sémen do touro doador, que é um animal de alto valor reprodutivo por ter características desejadas pelo produtor, como, por exemplo, fêmeas com alta produção de leite, ganho rápido de peso e fidelidade às biótipos da raça. Esse material é processado em laboratório e envasado em palhetas, em seguida, congelado em nitrogênio líquido à temperaturas de 196 graus negativos.

O próximo passo da inseminação está relacionado às fêmeas que serão fertilizadas. Os animais aptos são selecionados, descartando as fêmeas que apresentam problemas reprodutivos ou as que já estão prenhas. As vacas escolhidas recebem indução hormonal para que entrem em ciclo reprodutivo simultaneamente. Nesse ciclo, que dura dez dias, são aplicados cinco tipos diferentes de hormônios e a progesterona, que é implantada. Só após isso, é feita a inseminação. Em 30 dias, é feito o diagnóstico de gestação por ultrassom. Se a avaliação der negativa, o procedimento é repetido ou induz-se o cio da fêmea para a monta de forma natural. As chances de sucesso da técnica chegam a 60%.

“A vantagem da inseminação artificial é o acesso a material genético de touro de valor financeiro elevado, o que também contribui para melhoria rápida do padrão genético do rebanho”, explica o veterinário do Instituto Biossistêmico (IBS), Pedro Vitorino, responsável por realizar a técnica no Espaço do Sebrae. A padronização a que o especialista se refere é fácil de entender. Por exemplo, se um criador possui um rebanho composto por animais mestiços, com apenas um touro doador de uma raça pura, o padrão que prevalece é o do touro. Por isso, é possível, em apenas duas gerações, obter excelentes ganhos no padrão genético do rebanho.

Com a transferência de embriões, é possível melhorar o padrão genético de um rebanho sem raças definidas em até quatro anos. Apenas com inseminação, esse prazo sobe para cinco anos.

Existem no Rio Grande do Norte empresas que realizam essa técnica, como a Alta Genetic, a ABS e a Lagoa da Serra. O equipamento para manter o sémen congelado custa em torno de R$ 2 mil e as doses de sémen, em média, R$ 30,00, dependo da raça desejada. Isso representa uma economia, já que um touro reprodutor tem valor mínimo de compra em torno de R$ 5 mil.

Embriões

Mas uma técnica ainda mais moderna, a transferência de embriões, também vem sendo testada por 14 produtores de municípios da Grande Natal. Eles fazem parte do projeto Leite e Genética, desenvolvido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte em parceria com IBS desde 2012. Através dessa iniciativa, que envolve as duas técnicas, o Sebrae espera dar condições melhorar a genética das regiões produtoras de leite e carne do estado.

No caso especifico da transferência de embriões, os veterinários do instituto ficam encarregados de realizar todo o procedimento. Primeiro, é feita a indução hormonal das fêmeas que participam do processo. Os técnicos do IBS retiram os óvulos antes de serem fecundados diretamente do ovário da fêmea doadora, através da aspiração, dispensando que a vaca entre no ciclo reprodutivo. As células são enviadas para laboratório, onde são fertilizadas com sémen predeterminado. Após, fecundado in vitro, o material vai para uma espécie de estufa e fica cultivado por sete dias. Somente após esse prazo, o embrião é implantado no útero da vaca receptora, que é a barriga de aluguel.

Como não existe laboratório no estado que faça essa fertilização e, por isso, o material colhido das reses dos pecuaristas potiguares segue de avião para São Paulo. Entretanto, a partir do próximo ano, um laboratório será instalado no Parque Aristófanes Fernandes, o que permitirá ampliar o atendimento do programa. “Com a estruturação de um laboratório aqui, no estado, eliminamos esse transporte para São Paulo, que encarece e pode influenciar nas chances de sucesso da técnica, que varia de 20% a 50%”, defende o veterinário Geraldo Nobre, do IBS.

Com o espaço, também será possível reduzir os intervalos de coletas e minimizar os riscos de perda de material, além de ampliar o número de pecuaristas beneficiados. “Devido ao horário de decolagem do avião, não podemos coletar em propriedades localizadas em municípios distantes para não perdermos o voo. Tendo um laboratório no estado, fica fácil coletar em qualquer região do Rio Grande do Norte, inclusive no Alto Oeste”.

Segundo o especialista, incialmente, a intenção era fazer rodadas de coletas regularmente, no entanto, devido à estiagem, ficou impossível estabelecer um calendário definido. A meta do projeto é atingir 250 prenhezes. Com a transferência de embriões, é possível melhorar o padrão genético de um rebanho sem raças definidas em até quatro anos. Apenas com inseminação, esse prazo sobe para cinco anos. De acordo com o gestor do projeto Leite e Genética no Sebrae, Acácio Brito, o programa tem atuado em vária frentes, sendo essa da inseminação artificial e da transferência de embriões apenas uma delas.

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