Clipping

Assistência técnica auxilia no desenvolvimento de fazendas

Pecuarista Antônio Costa conseguiu reduzir custos da propriedade com consultoria na área de gestão. Fotos: Moraes Neto/ASN RN

Pecuarista Antônio Costa conseguiu reduzir custos da propriedade com consultoria na área de gestão. Fotos: Moraes Neto/ASN RN

Natal – A tríade suporte técnico especializado, gestão eficiente da propriedade e manejo reprodutivo adequado do rebanho tem sido o caminho encontrado por pequenos criadores do Rio Grande do Norte para ampliar a produção de leite nas fazendas com custos reduzidos. Foi o que ocorreu em uma fazenda situada em São João do Sabugi (distante 293 quilômetros da capital potiguar).

Na comunidade de Cachos, que fica a cerca de 10 quilômetros do centro do município, o produtor Antônio Pereira da Costa entendeu como controle da gestão pode fazer a diferença na propriedade. Ele entrou no projeto Balde Cheio, uma iniciativa do Banco do Nordeste do Brasil em parceria com Sebrae no Rio Grande do Norte, e passou a ter acesso à assistência técnica de forma sistematizada, transferência de tecnologia e capacitação gerencial, aplicando na propriedade técnicas de manejo e controle de custos.

Gado passou a ser criado no sistema de pastejo rotacionado

Gado passou a ser criado no sistema de pastejo rotacionado

Um exemplo claro das mudanças promovidas vem do rebanho. As 120 rezes são alimentadas via sistema de pastejo rotacionado, uma das mais modernas e sustentáveis formas de alimentação dos animais. Trata-se de um regime em que a pastagem é subdividida em piquetes, que são pastejados em sequência por um ou mais lotes de animais, representando uma vantagem em comparação aos pastejos extensivos. E ele foi um dos primeiros pecuaristas potiguares a adotar tal sistema.

Com orientação e informação, Antônio Costa – também conhecido como Antônio de Cipriano – viu que era possível produzir mais e com menos custos. Antes, cada vaca produzia em média apenas oito litros por dia. Hoje, esse volume saltou para 18 litros por dia. “Foi uma mudança total. Tivemos uma queda muito grande dos custos de produção”. Ele se refere principalmente à diminuição dos gastos com mão de obra na propriedade, que possui 180 hectares.

Melhoramento
Bezerros foram fruto de um melhoramento genético

Bezerros foram fruto de um melhoramento genético

O criador aprendeu a fazer o controle leiteiro, que identificou as vacas mais produtivas e as que não têm uma lactação rentável. Foi aí que percebeu a necessidade de melhorar o rebanho a partir das vacas mais produtivas e decidiu aderir, há dois anos, ao projeto Leite e Genética, desenvolvido pelo Sebrae e Instituto BioSistêmico. “O suporte do projeto nos deu uma visão seletiva para saber que decisões tomar. Tínhamos um grave problema com o intervalo entre partos, que era grande. Com monitoramento, esse tempo caiu”, revela o produtor.

Quanto mais uma vaca demora a entrar no cio, maiores são perdas para o produtor. O ideal é que a cada ano uma vaca tenha um bezerro e logo em seguida entre em gestação novamente. Se esse período se prolonga, o produtor perde.  No caso de Antônio Costa, o período era superior a 17 meses – cinco meses a mais que o ideal – o que gerava uma perda de 600 litros de leite por vaca a cada mês.

Na Serra de Santana
Rebanho passou a ter melhor produção leiteira

Rebanho passou a ter melhor produção leiteira

Para sanar distorções como essa, a consultoria dos técnicos do projeto é decisiva, detectando e corrigindo o problema. E os exemplos não param por aí. José Claúdio de Souza e o pai Sandoval Joaquim de Souza administram a Agropecuária SK, uma pequena propriedade de 20 hectares na cidade de Lagoa Nova, que fica a cerca de 211 quilômetros de Natal.

Sem um acompanhamento técnico de perto, não teria conseguido o patamar de produção atual de 800 litros de leite por dia a partir de um rebanho de 90 cabeças da raça girolando. Os pecuaristas são atendidos pelo Projeto Leite & Genética, que, além de ficar encarregado da parte reprodutiva, cuida da saúde dos animais e também da gestão da fazenda. “Temos um controle efetivo da prenhez dos animais e problemas sanitários são detectados rapidamente”, garante José Cláudio, que é conhecido nas redondezas por Cacá.

José Cláudio e Sandoval Joaquim comemoram resultados do acompanhamento técnico

José Cláudio e Sandoval Joaquim comemoram resultados do acompanhamento técnico

Todo o rebanho é monitorado pelo Vaca Móvel. Os veterinários do IBS visitam a agropecuária a cada dois meses e fazem uma avaliação geral da situação do gado e da fazenda. São serviços como a análise da qualidade do leite, um estudo completo que faz a Contagem bacteriana total (CBT) e a Contagem das células somáticas (CCS), além de determinar os teores de gordura, lactose, proteína, sólidos totais e sólidos desengordurados. A análise verifica ainda resíduos de antibióticos e indicadores de fraudes e adulterações.

“Levamos em conta 12 parâmetros que avalia como anda a higiene de ordenha, aspectos fisicoquímicos do leite e indicadores do estado do rebanho”, explica o veterinário do IBS, Laio Gomes. A equipe também implanta o calendário sanitário dos rebanhos assistidos, além de dar apoio à gestão da propriedade. Outro trabalho importante das consultorias são as orientações sobre mineralização e manejo nutricional. No caso da Agropecuária SK, esse último item é essencial, já que os criadores fazem uma associação de capim elefante com palma forrageira para alimentar os animais. “Essa associação é fundamental para o gado, pois esse tipo de capim tem menos água, diferente da palma. Esse balanceamento feito na propriedade é excelente para nutrição do leite”, confirma o veterinário Geraldo Nobre, do IBS.

Reprodução
Rebanho é inseminado artificialmente de forma planejada

Rebanho é inseminado artificialmente de forma planejada

Mas o trabalho mais contundente realizado na fazenda tem a ver com a parte reprodutiva, já que a metade do rebanho dos produtores foi obtida via inseminação artificial. A meta do produtor é chegar a uma produção diária de 1,2 mil litros de leite, que devem parar em laticínios da região do Seridó.

Para alcançar esse objetivo, eles adquiriram um pacote de inseminações artificiais em tempo fixo do projeto Leite & Genética há dois anos.  Com o ingresso no projeto, os animais melhoraram o padrão e passaram a nascer de forma planejada de forma a ter produção durante o ano todo. Para entender a importância do que esse tipo de inseminação promove, basta entender que a fazenda está atualmente com 37 vacas em lactação. A cada novilha colocada para inseminação o produtor gera um acréscimo de 450 litros de leite por mês.

Com melhoramento genético e assitência técnica, rebanho passou a produzir mais

Com melhoramento genético e assitência técnica, rebanho passou a produzir mais

“Em quatro anos, conseguimos quase duplicar o rebanho e agregar valor com matrizes de alta linhagem. Isso se deve muito ao projeto”. Com as intervenções, eles conseguem uma produção de 14,6 mil litros de leite por hectares por ano, mesmo utilizando um sistema de confinamento.

Adesão

Para participar tanto do programa Balde Cheio quando do projeto Leite &Genética, o pecuarista pode procurar qualquer ponto de atendimento do Sebrae em Natal ou nos escritórios regionais nas cidades de Apodi, Assu, Caicó, Currais Novos, João Câmara, Mossoró, Nova Cruz, Pau dos Ferros e Santa Cruz.  O prazo para adesão termina nesta sexta-feira (13).

Técnicos monitoram saúde dos animais e sucesso de prenhez

Técnicos monitoram saúde dos animais e sucesso de prenhez

No caso do Balde Cheio, o participante recebe consultoria com foco nos controles zootécnicos e contábeisl, através da aplicação de uma metodologia, que consiste na identificação de propriedades de cunho familiar de pequeno porte e que tenham a atividade leiteira como principal fonte de renda, oferecendo qualificação técnica para os proprietários.

Os produtores são beneficiados ao ter acesso à assistência técnica de forma sistematizada, transferência de tecnologia e capacitação gerencial. São repassadas técnicas, como manejo e cultivo do solo adequados. Os projetos subsidiados pelo Sebrae, através do Sebraetec, e a contrapartida do produtor ficam apenas em 40% do valor total das consultorias pode ser parcelado no cartão de crédito.

Voltar ao topo