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Uso da tecnologia de baixo custo na pecuária leiteira do Nordeste

A palma forrageira é bastante eficiente na alimentação animal no Nordeste. Foto: Regina Groenendal/IBS

A palma forrageira é bastante eficiente na alimentação animal no Nordeste. Foto: Regina Groenendal/IBS

Na pecuária leiteira atual, essencialmente no Nordeste, as margens de lucro são bastante apertadas, com despesas crescentes e valores pagos pelo litro do leite com grandes variações. Isso resulta, entre outras coisas, em dificuldades na obtenção de capital suficiente destinado a novos investimentos para a melhoria produtiva da atividade. Dessa maneira, o produtor, mesmo com tantas dificuldades, precisa se adequar e se adaptar às circunstâncias que se apresentam realizando investimentos da maneira correta, sustentável e, principalmente, a baixo custo.

Assim, tecnologias alternativas e/ou novas técnicas de manejo de baixo custo são uma ótima opção para este contexto, visando agregar qualidade e facilidade para o dia a dia da produção leiteira.

Uma nutrição que faça uso das características regionais e que seja viável economicamente, melhorando a relação custo/benefício deve ser considerada. Para o Nordeste, o ingrediente que nos últimos anos vem sendo utilizado com maior eficácia é a palma forrageira. Esta forrageira, além de ser adaptada às condições climáticas regionais, é bem aceita pelos animais e apresenta ótimos valores nutricionais. Há também a opção da gliricídia que, assim como a palma, apresenta alto valor nutricional, principalmente proteína, e pode ser armazenada na forma de feno e silagem, sendo uma ótima alternativa para diminuir o custo de concentrado proteico.

Neste mesmo contexto, metodologias de armazenamento e conservação da forragem mais em conta são essenciais. Métodos de ensilagem que fazem uso de tambores ou sacos objetivam o correto armazenamento da silagem, e são comparativamente mais baratos e eficientes para pequenas propriedades leiteiras. Esses métodos não exigem muita mão-de-obra e o custo é baixo, pois o uso de maquinário é praticamente zero. No processo de ensilagem, deve-se ter um maior cuidado com a correta compactação do material e vedação do tambor ou do saco garantindo o valor nutricional por mais tempo. Outra opção bastante utilizada para conservar forragem é a fenação, que consiste na conservação da forragem com a retirada de grande quantidade de água presente. Assim como a silagem, a produção de feno para pequenas propriedades também é relativamente barata, pois usa-se poucos instrumentos.

O ideal é que o armazenamento do feno seja realizado em galpões, mas isso demanda custo alto. Assim, o feno pode ser armazenado a campo, em áreas que tenham menos probabilidade de incêndios e apresentem boa declividade.

Na região Nordeste, o fator genético é ainda mais preponderante, já que animais que apresentam ótima produção leiteira no Sul, possivelmente, não terão a mesma eficiência produtiva no Nordeste. Assim, o pecuarista deve, antes de tudo, conhecer as condições físicas da sua propriedade e escolher os animais que se adequem e sejam adaptados ao ambiente no qual irão produzir. Geralmente animais mestiços (1/2 Holandês x Zebu) são os mais recomendados. Porém, o processo de melhoramento não é obtido do dia para a noite, pois costuma ser demorado. A melhor forma de acelerar o progresso genético da propriedade é fazer uso das técnicas, como a inseminação artificial (IA) e transferência de embriões/Fertilização in Vitro (TE/FIV). A IA permite melhorar o padrão genético dos rebanhos por meio da utilização de sêmen de touros provados na cobertura de vaca. Devido à rápida difusão, as técnicas reprodutivas chegam com preços de implantação reduzidos, tornando acessíveis ao pequeno produtor, além disso, o treinamento para acompanhar os processos vem ocorrendo constantemente, garantindo mão de obra qualificada.

Após a seleção e a melhoria nutricional dos animais, temos que nos atentar para a higiene das ações relacionadas à ordenha. A melhoria da higiene de ordenha, se bem planejada, também apresenta baixo custo. Entre as principais ações, devemos conceber uma sala de ordenha que priorize a limpeza, o que possibilita a diminuição da contaminação. Para garantir a qualidade do leite e detecção da mastite, o simples uso da caneca de fundo preto ajuda na solução do problema. A caneca, além de ser de fácil uso, é barata e garante a detecção da mastite clínica de maneira rápida.

Outras técnicas de manejo, bastante eficientes e que demandam pouco investimento, referem-se ao simples uso de papel toalha descartável. Tal ação é extremamente barata, mas muitas propriedades não a usam. O importante, nesta ação é a cultura da higiene, que deve ser tratada como rotina na ordenha.

Há ainda diversas alternativas com eficiência comprovada que podem ser utilizadas no controle sanitário do rebanho. O combate do carrapato é essencial para que a produtividade do rebanho se mantenha elevada, porém, a pulverização com elementos químicos presentes no mercado é, de certo modo, cara para pequenas propriedades. Assim, há algumas alternativas eficientes como o uso de plantas: o Nim Indiano, o Timbó e o Eucalipto. Estas visam inibir o tempo de pré-postura, tempo de postura e a produção total de ovos do carrapato.

Além disso, o simples manejo de pastagens é essencial para que haja um melhor controle de parasitas danosos aos animais e às suas produções, com a vantagem de necessitar de pouco investimento se realizado de forma eficiente.

Alternativas na nutrição das vacas, o uso de tecnologias reprodutivas e as inovações na ordenha são um ótimo avanço na busca da qualidade produtiva do leite. Porém, nestes casos é muito importante que haja organização, controle zootécnico e financeiro do rebanho e da propriedade. Isso, em associação com as técnicas de baixo custo irão melhorar significativamente a produtividade, além de trazer ganhos financeiros significativos.

REFERÊNCIAS
  1. ANDRADE, C. M. S. Publicação reúne tecnologias para a pecuária de leite. Portal RTS. Disponível em:http://rts.ibict.br/noticias/destaque-2/publicacao-reune-tecnologias-para-a-pecuaria-de-leite. Acesso em: 15 de junho de 2016;

 

  1. JOSÉ, A. B. V. Armazenamento de feno. Scot Consultoria. Disponível em: https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/artigos/21230/armazenamento-de-feno.htm. Acesso em: 15 de junho de 2016;

 

  1. Simão da Rosa, M., Paranhos da Costa, M. J.R., Sant’Anna, A. C., Madureira, A. P. Boas práticas de manejo – Ordenha. Jaboticabal/SP; Funep, 2009 43p Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/Bemestar-animal/manual_ordenha.pdf. Acesso em: 15 de junho de 2016.

 

  1. SÁ, C. O. et al. Tecnologias para produção de leite na Região Semiárida do Brasil. EMBRAPA. Disponível em: http://www.cnpgl.embrapa.br/sistemaproducao/book/export/html/20. Acesso em: 15 de Junho de 2016.

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