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Projeto Conexão Mata Atlântica e IBS promovem produção sustentável no estado de São Paulo

Laura e sua família produzem no sistema agroflorestal, com a horta integrada ao bioma nativo.

O Sítio Arara Dourada era uma pequena localidade familiar de lazer no município de Miracatu, interior de São Paulo, e hoje é uma unidade de produção orgânica certificada. Essa transformação foi possível depois que a proprietária, dona Laura Araújo, ingressou no Projeto Conexão Mata Atlântica e passou a receber orientação dos técnicos do Instituto BioSistêmico (IBS).

A iniciativa deu tão certo que a filha de dona Laura, Carla Almeida, se mudou da capital paulista e foi auxiliar a mãe no cultivo orgânico do sítio. “Em São Paulo, eu já trabalhava com orgânicos, mas comprando de outros produtores. Com o convite da minha mãe, veio uma possibilidade: por que não produtos do próprio sítio?”, lembra.

O questionamento de Laura virou ação, atualmente o sítio produz no sistema agroflorestal, com a horta integrada ao bioma nativo. “A gente usa a compostagem orgânica, a adubação verde, o sistema de biofertilizante. Participando do projeto, queremos chegar aonde a gente sempre sonhou: conscientizar como o comer orgânico é importante, mantendo uma propriedade sustentável, fortalecendo a agricultura familiar, produzindo bem e com qualidade sem agrotóxicos”, pontua Carla.

A transformação do sítio Arara Dourada é um dos exemplos de bons resultados alcançados por produtores a partir de ações orientadas pela equipe de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) do IBS, no âmbito do Conexão Mata Atlântica. Atualmente, o Instituto BioSistêmico atende cerca de 360 produtores participantes do projeto, na região do Núcleo Itariru do Parque Estadual Serra do Mar (PESM-Nita).

O Núcleo Itariru abrange quatro municípios de São Paulo: Itariri, Miracatu, Pedro de Toledo e Peruíbe. No município de Pedro de Toledo, o produtor Josué Moreira, que cultiva banana há dez anos no sítio Ribeirão do Luiz I, vislumbrou uma nova perspectiva ao receber a orientação da equipe de Ater do IBS e passou a produzir no sistema agroecológico.

Josué aprendeu a fazer o próprio composto orgânico para a produção de banana.

“A gente enxergou que estava na hora de fazer alguma coisa e, por coincidência, no período conhecemos o Conexão Mata Atlântica e tivemos um auxílio muito grande com os técnicos que vêm aqui fazer a orientação e nos auxiliaram nessa mudança radical”, relata Josué.

O produtor conta que a partir do acompanhamento dos técnicos do Instituto BioSistêmico passou a fazer o próprio composto orgânico para a produção de bananas. “Já não preciso comprar adubo, também paramos de usar inseticidas, estamos avançando para que todos os processos da produção sejam orgânicos”, destaca.

Com a conexão e o trabalho conjunto proporcionados pelo projeto, os produtores atendidos em Pedro de Toledo se reuniram e estão em fase de implantação de uma agroindústria para beneficiar os produtos e conseguir maior valor de mercado. “Nossa meta é aproveitar ao máximo tudo o que produzimos aqui, para conseguirmos mais renda”, comenta Josué, que além de produtor é Presidente da Associação dos Empresários Rurais de Pedro de Toledo.

Rede sustentável

Desde o início da atuação do IBS no Conexão Mata Atlântica, em 2018, a equipe já realizou mais de 5 mil atendimentos técnicos pelo projeto, com foco na formação de grupos, que se auxiliam mutuamente, abrangendo uma área de 69.968 hectares.

Priscila Calegari, diretora de agricultura do IBS, explica que o projeto é composto por uma rede de componentes: a Fundação Florestal do Estado de São Paulo é a entidade executora do projeto, o Instituto BioSistêmico é responsável pela assistência técnica, a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) está à frente da gestão dos recursos e o financiamento é do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) com recursos do Global Environmental Fund (GEF).

Reunião da equipe do projeto com produtores para avaliação do primeiro ciclo de atendimentos.

“A equipe do IBS que atua no Conexão Mata Atlântica é multidisciplinar, conta com diversos profissionais, como engenheiros florestais e agrônomos, administrador, economista e jornalista. É uma gama de profissionais que atendem às demandas, conforme o andamento do projeto”, detalha a diretora.

No Núcleo Itariru, o Conexão Mata Atlântica tem como objetivo principal proteger a zona de amortecimento do Parque da Serra do Mar. Para isso, desenvolve uma série de ações, ligadas à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável. “O IBS é responsável pela Assistência Técnica e Extensão Rural e por levar tecnologia e técnicas sustentáveis para os produtores, com isso conseguimos ter uma grande adesão na preservação do meio ambiente”, ressalta Priscila.

Parceria frutífera

O gestor do Núcleo Itariru do Parque Estadual Serra do Mar, Joaquim do Marco Neto, salienta que o Conexão Mata Atlântica traz uma grande inovação para a gestão de territórios que apresentam Unidades de Conservação (UCs). “Além dos benefícios diretos que o projeto traz, através de investimentos visando a melhoria da efetividade da gestão, as diversas ações promovidas na zona de amortecimento propiciam alternativas sustentáveis para o desenvolvimento socioeconômico dos pequenos agricultores locais, refletindo também em ganhos expressivos para a conservação ambiental”, analisa.

O Núcleo Itariru foi incluído no projeto junto com mais três UCs administradas pela Fundação Florestal, visando, entre outros objetivos, contribuir com mecanismos para o equacionamento de um histórico cenário de expansão da bananicultura, muitas vezes de baixo rendimento e comercialmente instável para pequenos agricultores.

Joaquim do Marco Neto e equipe do PESM – NITA na sede do parque.

Joaquim avalia que o conhecimento e envolvimento com a região da equipe do IBS tem se destacado no processo de capacitação desenvolvido pelo projeto. “Os minuciosos atendimentos dos técnicos especializados estão sendo fundamentais para um start na mudança de paradigmas de produção, sustentabilidade e consequente conservação dessa valiosa região de Mata Atlântica”.

Ainda segundo o gestor, a continuidade dos trabalhos das equipes técnicas do IBS na zona de amortecimento do Núcleo Itariru, e a parceria já consolidada com a UC, são fundamentais para que sejam concretizadas as metas de inserção de importantes ferramentas no contexto regional, como a Cadeia de Valor Sustentável (CVS), Protocolos de Certificação (CERT) e Pagamento por Serviço Ambiental (PSA), com excelentes perspectivas de expansão na própria região e ainda com a potencialidade de replicação em outros territórios.

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