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Mastite e suas implicações econômicas na pecuária leiteira

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Rebanhos leiteiros podem ser acometidos por algumas enfermidades que resultam em diminuição produtiva e gastos não esperados. Dentre essas doenças, a mastite é a de maior importância. Caracterizada como sendo uma inflamação da glândula mamária, a mastite é causada por diversos tipos de microrganismos, sendo as bactérias os principais agentes. Estima-se que a mastite seja capaz de provocar redução de até 45% na produção de leite, tendo alto impacto econômico.

Mastite contagiosa e mastite ambiental: você precisa saber a diferença!

Os microrganismos causadores de mastite são classificados em contagiosos ou ambientais.

O perfil de bactérias contagiosas caracteriza-se pela fácil transmissão entre os animais, na qual o principal reservatório dos patógenos é o úbere de um animal infectado. As infecções são disseminadas entre as vacas ou entre os quartos mamários durante a ordenha. A mastite contagiosa é causada principalmente pelos microorganismos Staphilococcus aureus e Streptococcus agalactiae.

A transmissão ambiental ocorre devido a ação de microrganismos considerados oportunistas. Estes normalmente causam mastites transitórias, mas com maior frequência de casos clínicos graves. Os agentes ambientais mais frequentes são encontrados em coliformes, ou presença de dejetos e Streptococcus em geral (excluindo-se o S. Agalactiae). Estes agentes estão presentes no próprio ambiente onde a vaca vive, como a cama e as áreas destinadas ao descanso dos animais.

Mastite Clínica e Mastite Subclínica: tenha grande atenção com a segunda!

A manifestação da mastite nas vacas de leite pode ocorrer de duas maneiras. A mastite clínica caracteriza-se por apresentar sinais evidentes, tais como: edema (ou inchaço), febre, endurecimento e dor na glândula mamária, grumos, pus, em casos mais graves pode ocasionar morte, há também grande diminuição na produção de leite. Na mastite subclínica não há sinais evidentes, não apresentando inflamação da glândula mamária e a variação na qualidade do leite é reduzida ou nula, porém o que se observa é grande queda produtiva. Pode passar despercebida, no entanto, acarreta grandes perdas econômicas à atividade.

O pecuarista deve ter bastante atenção com a mastite subclínica, pois vários estudos indicam que, para cada mastite clínica diagnosticada, acontecem cerca de 20 a 40 casos de mastite subclínica. Agora imagine qual é a perda econômica que a mastite subclínica não diagnosticada poderá acarretar. Com certeza é uma perda bastante substancial.

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Quais são as ações para redução das perdas produtivas?

Para reduzir essas perdas, devem ser adotadas boas práticas no controle da mastite, tanto dos animais quanto dos equipamentos de ordenha e dos ordenhadores. O uso de toalhas de papel descartáveis e exclusivas para cada animal, a eficiente limpeza dos tetos, e a correta sequência da ordenha são ótimas ferramentas na busca do menor nível de infecção.

Uma das principais mudanças que a mastite causa no leite é o aumento no número de células somáticas. Estas são estruturas de defesa do organismo que, devido a presença de patógenos, migram para o interior da glândula, a fim de combatê-los. Desse modo, a contagem de células somáticas (CCS) no leite indica o estado sanitário do úbere. Testes como o CMT e teste da caneca de fundo preto são essenciais para controlar a incidência da doença. Tais testes geralmente são realizados com o uso de amostras do leite e indicam a real prevalência dos patógenos.

Perdas econômicas ocasionadas pela mastite

A mastite é uma das mais complexas doenças da produção leiteira devido à sua alta prevalência e aos prejuízos que acarreta. Seu efeito é notado, principalmente, pela redução na produção e as alterações na composição do leite, identificadas especialmente pelos lacticínios.

Para o produtor, as perdas são de grande magnitude. Elas são reflexos de maior descarte de animais, gastos com medicamentos, redução na produção e descarte de leite. Em todo o mundo, milhões de dólares são perdidos anualmente em virtude da mastite. Na prática, torna-se complicado avaliar o quanto a mastite colabora para as perdas econômicas na propriedade, o que se sabe é que a mastite subclínica, mesmo sem apresentar sintomas evidentes representa em torno de 70 a 80% das perdas associadas a redução da produção, tendo também um gasto bastante significativo relacionado ao tratamento das vacas e à obrigatoriedade de descarte do leite dos animais em tratamento.

Porque é tão difícil analisar os custos da mastite?

Um dos grandes problemas relacionados à análise de custos da mastite em rebanhos leiteiros é incluir todas as perdas relacionadas à ocorrência da doença, ponderando também os custos das medidas aplicadas no controle e o tratamento patológico.

Devido ao caráter multifatorial da mastite, algumas medidas de controle não podem ser identificadas exclusivamente como controladoras da mastite, como por exemplo: manutenção de ambiente limpo e seco, estratégias para aumento do consumo de alimentos, melhorias no conforto dos animais e eficiência no tempo de ordenha, isso dificulta a quantificação destes custos com relação à mastite.

Diversos fatores podem afetar o custo final da mastite, uma vez que podem sofrer variações ao longo do tempo, por exemplo: preço do leite, custos de alimentação, custos de reposição de descartes e custos de medicamentos. A consideração destes fatores em cada situação permite uma definição mais precisa dos custos da mastite para um rebanho em particular. Mas é bastante danosa.

Portanto, se o pecuarista quiser quantificar a perda com a mastite, ele deve, antes de tudo, coletar e anotar todas as ocorrências da vaca e do rebanho em geral, além de ter um histórico do preço de compra e venda do leite e dos possíveis medicamentos utilizados. Com isso, ele terá um maior controle sobre seus custos, conseguindo dessa maneira ter um controle sobre as perdas causadas pela mastite.

Referências

1. Mastite bovina: quais são os sintomas e o tratamento. Vansil Saúde animal. Disponível em: http://vansil.com.br/mastite-bovina-quais-sao-os-sintomas-e-o-tratamento/. Acesso em: 30 junho 2016.

2. Conceitos atuais sobre mastite contagiosa ou ambiental – Parte 1. Portal MilkPoint. Disponível em: http://www.milkpoint.com.br/mypoint/6239/p_conceitos_atuais_sobre_mastite_contagiosa_ou_ambiental_parte_1_mastite_ambiental_mastite_contagiosa_4901.aspx. Acesso em: 30 junho 2016.

3. H. F. Boas práticas no controle de mastite com o uso do CMT. Portal Rehagro. Disponível em: http://rehagro.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=724. Acesso em: 30 junho 2016.

4. SIMÕES, T. V. M. D. Oliveira, A. A. Mastite bovina: considerações e impactos econômicos. Embrapa Tabuleiros Costeiros. Documentos, v. Embrapa p. 1-27, 2012.

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