No final de 2017, o então comerciante Marinho de Souza decidiu resgatar as raízes da família, iniciou a criação do gado da raça Gir Leiteiro para produzir queijo artesanal na Fazenda Caju, localizada no município de Ceará-Mirim, Rio Grande do Norte. Hoje, quatro anos depois, a queijeira é referência nacional, sendo a primeira do Norte e Nordeste com certificação.
Esse rápido avanço foi possível graças à visão empreendedora de Marinho que, ciente da importância da tecnologia e da inovação, se inscreveu no Leite & Genética, projeto do Sebrae no Rio Grande do Norte, executado pelo Instituto BioSistêmico (IBS), que oferece consultorias para aperfeiçoar a produção de corte e leiteira através do melhoramento genético e de boas práticas voltadas à sanidade do rebanho.
Marinho lembra que o maior desafio para legalizar a queijeira foi a certificação do rebanho. Para isso, contou com a assistência técnica do projeto Leite & Genética, que apresentou um protocolo para tornar o rebanho livre da tuberculose e da brucelose. “Anualmente, recebia a equipe do IBS para vacinar as bezerras contra a brucelose, com isso conseguimos o Certificado do Rebanho, que garantiu a certificação da queijaria”, recorda.
Além desse suporte para garantir a saúde dos animais, Marinho também recebeu a orientação do Leite & Genética para aperfeiçoamento reprodutivo do rebanho. “O projeto oferece uma rotina reprodutiva, com isso foi possível melhorar nossos índices, com mais bezerros nascidos e ganho na qualidade dos animais, que tem impacto direto na produção do leite”, pondera.
Essa parceria de êxito possibilitou que os queijos feitos na Fazenda Caju tenham o selo de “Queijo Vivo”, por serem produzidos com leite cru e conservar as bactérias láticas benéficas à saúde humana. Ao analisar os ganhos que teve ao participar do projeto, Marinho recomenda a assistência do Leite & Genética para outros produtores. “Não percam tempo, o projeto é fundamental para o melhoramento genético, que deve ser para já, como forma de aperfeiçoar nossa produção”, considera.
Trabalho conjunto
O Leite & Genética teve início em 2011, tendo como principal objetivo promover o melhoramento genético dos rebanhos de corte e de leite do estado do Rio Grande do Norte. O Sebrae/RN é responsável pelo projeto e a execução e todo o aporte tecnológico é feito pelo IBS.
“Para viabilizar o Leite & Genética, o Sebrae/RN e o IBS estabeleceram uma metodologia de trabalho, traçando algumas metas e dando início ao trabalho. Somos parceiros nesse projeto desde o início”, relata Acácio Brito, gestor do projeto e analista técnico do Sebrae-RN.
O projeto torna acessível aos produtores, a um baixo custo, modernas biotecnologias de reprodução, como é o caso da inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e a avançada fertilização in vitro (FIV). O IBS atende as propriedades com o Rufião Móvel, para avaliação ginecológica das matrizes com ultrassom, coleta e análise de sêmen, e inseminação artificial; e com o Vaca Móvel, laboratório para avaliação da qualidade do leite nas propriedades.
Acácio destaca que o Leite & Genética tem uma grande relevância para a vida dos produtores. “Só para ter uma ideia desse impacto, 40% das matrizes de corte de todo o Rio Grande do Norte são inseminadas pelo programa. O Leite & Genética possibilitou a democratização do acesso a essa importante biotecnologia, em todas as regiões do estado”, salienta.