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Como melhorar a qualidade do leite no Nordeste?

Fonte: Divugação Cerrado - Editora

Foto: Divugação Cerrado – Editora

Na atualidade, a garantia de entregar leite de qualidade deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade. Quem entrega um produto com qualidade inferior ou que não está em conformidade com as leis estabelecidas estará destinado a ser menos competitivo e, consequentemente, poderá perder mercado.

Com a constante necessidade de melhoria da qualidade do leite brasileiro, foi instituída em 2002 pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) a Instrução Normativa 51. Entre muitas determinações, A IN 51 preconizava prazos para a melhoria progressiva dos parâmetros de Contagem Padrão em Placas (CPP) e de Contagem de Células Somáticas no leite (CCS). Porém, grande parcela dos produtores teve dificuldades na adequação exigida. Dessa forma, em 2011 o MAPA instituiu uma nova instrução normativa, a IN62. Esta prorrogou as datas limite da mudança nos parâmetros de qualidade.

Os novos padrões deveriam entrar em vigor a partir de julho de 2016 para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, mas foram prorrogados novamente e serão adotados somente a partir de 01/07/2018. As regiões Norte e Nordeste, terão um pouco mais de tempo para se adequar e a IN 62 passará a valer a partir do primeiro dia de julho de 2019. A prorrogação permitirá que sejam estabelecidas regras mais adequadas para a produção de leite e estratégias mais eficientes para a melhoria da sua qualidade, sem causar prejuízos a produtores, indústrias e consumidores.

Gargalos da baixa qualidade do leite no Nordeste

A pecuária leiteira nordestina é caracterizada por ser uma atividade que recebe baixos investimentos. Sem dúvidas, o armazenamento do leite e o momento da ordenha são gargalos produtivos em boa parte do território brasileiro. Porém, no Nordeste este problema é ainda mais evidente o que compromete consideravelmente o mercado da região.

Objetivando o aumento da qualidade do leite, diversos laticínios e entidades governamentais passaram a oferecer linhas de financiamento para que o pequeno produtor consiga capital para investir na compra de equipamentos de ordenha e, principalmente, tanques de resfriamento. Esse movimento, além de ajudar a melhorar a qualidade do leite, será um grande avanço para que as metas estipuladas pela IN sejam alcançadas.

Outra medida que os produtores precisam considerar é se associar às cooperativas ou associações de produtores regionais. Dessa maneira, os produtores terão melhores condições de armazenamento e escoamento da produção, além de conseguirem financiamentos para melhoria produtiva e para a compra de insumos. A troca de informações entre os associados também é muito importante.

Participação do melhoramento genético na qualidade do leite

Três fatores são essenciais para melhorar a qualidade do leite: Nutrição, Higiene e Seleção Genética. Neste post vamos entender um pouco sobre a importância da seleção genética.

Anos atrás, os principais programas de melhoramento genético da pecuária leiteira priorizavam a seleção de animais com maior produção de leite, além de maiores porcentagens de proteínas e gordura. Tal seleção culminou em vacas de alta produção, de baixa qualidade.

Mais recentemente, os programas visaram a atualização de seus objetivos de seleção, buscando agregar alta produção com qualidade. Assim, selecionar animais que produzam em níveis rentáveis, ou seja, com mais sólidos e com contagens de CCS menores (indicando qualidade) tornou-se uma preocupação dos programas. Resultados animadores já estão sendo obtidos por diversos programas, com aumento dos teores de sólidos, além de diminuição dos níveis de células somáticas no leite.

Apesar de lenta, porém permanente, a seleção de animais que produzam leite de melhor qualidade é ótimo ponto de partida. Porém, a grande maioria dos animais que produzem leite com composição físico-química superior é especializada para produzir em climas mais amenos, como o Sul do Brasil, com baixa eficiência na pecuária extensiva do Nordeste. Assim, para o clima semiárido do Nordeste, as linhas de pesquisas priorizam o cruzamento de animais, agregando a maior produtividade e qualidades nutricionais do leite de animais especializados (taurinos) com a maior resistência de determinadas raças (geralmente zebuínas). Os resultados são animadores!

Medidas básicas de manejo que garantem qualidade do leite

Várias medidas de manejo são amplamente divulgadas e, além de garantirem a melhoria da qualidade do leite, são eficazes e relativamente baratas. Entre essas medidas, citamos a correta limpeza dos tetos, uso de toalhas de papel descartáveis, alimentação do animal logo após a ordenha (garantindo que o orifício do teto feche completamente), realização de pré e pós dipping, realização do teste da caneca preta, correta higienização do ordenhador e dos equipamentos de ordenha (seja ela manual ou mecanizada), entre muitas outras.

A higiene da ordenha é um dos principais fatores que garantem qualidade do leite. Foto: Senar RJ

A higiene da ordenha é um dos principais fatores que garantem qualidade do leite. Foto: Senar RJ

As etapas que compõe uma boa ordenham devem fazer parte da rotina da fazenda, no início, talvez demande maior tempo de execução, no entanto, com o passar das ordenhas, o pecuarista passa a observar os resultados de qualidade.

Capacite sua mão de obra

Para que a ordenha atinja os resultados esperados quanto à qualidade, é importante que haja capacitação da mão de obra, priorizando a constante busca da qualidade (manejo de ordenha, medidas básicas de controle de mastite, etc). É importante também que o profissional responsável pelo transporte do leite e coleta de amostras (individual e no tanque) seja devidamente treinado, pois dependendo dessa coleta os resultados obtidos podem não retratar a realidade e podem induzir a tomada de decisões equivocadas.

 

Referências
1- Novas Ferramentas no Melhoramento Genético da Qualidade do Leite. Portal MilkPoint. Autor: Ana Luísa Lopes da Costa. Disponível em: http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/melhoramento-genetico/novas-ferramentas-no-melhoramento-genetico-da-qualidade-do-leite-63511n.aspx. Acesso em 23 Junho. 2016.

2- CASTRO, C. N. A agricultura no Nordeste brasileiro: oportunidades e limitações ao desenvolvimento. BRASÍLIA: IPEA, 2012 (Texto para Discussão do IPEA n. 1786).

3- SIMÃO DA ROSA, M., PARANHOS DA COSTA, M. J.R., SANT’ANNA, A. C., MADUREIRA, A. P. Boas práticas de manejo – Ordenha. Jaboticabal/SP; Funep, 2009 43p. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/Bemestar-animal/manual_ordenha.pdf. Acesso em: 15 junho 2016.

4- Coleta de amostra de leite: passo fundamental para monitoramento da qualidade do leite. Portal MilkPoint. Autor: Marcos Veiga Santos. Disponível em: http://www.milkpoint.com.br/mypoint/6239/p_coleta_de_amostra_de_leite_passo_fundamental_para_monitoramento_da_qualidade_do_leite_coleta_de_amostras_contagem_de_celulas_somaticas_5160.aspx. Acesso em: 23 junho 2016.

5- COSTA, C. N. Melhoramento Genético para qualidade do leite e resistência a mastite. 2010. IV Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite. Florianópolis/SC. Setembro. 2010.

6- Vídeo aula – Qualidade do Leite. Senar Rio (youtube). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KrlkPL0BaWs. Acesso em: 13 julho 2016.

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